Morreu o artista e escritor palestiniano Kamal Boullata aos 77 anos

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Porto Canal com Lusa

Berlim, 07 ago 2019 (Lusa) - O artista e escritor palestiniano Kamal Boullata, autor de livros pioneiros sobre arte palestiniana e cultura contemporânea, morreu na terça-feira, aos 77 anos, na sua casa, em Berlim, na Alemanha, foi hoje anunciado.

De acordo com a publicação The Art Newspaper, o seu sítio 'online', cita a galeria do autor - Meem Gallery - que lamentou a morte de Boullata, descrevendo-o como "um pensador, artista e escritor incrível".

Conhecido pelas suas obras de arte coloridas, serigrafias geométricas e o uso do Kufic, uma antiga caligrafia árabe, Kamal Boullata nasceu em Jerusalém, em 1942, cidade que cedo o inspirou pela arte e arquitetura que o rodeava.

A arquitetura bizantina e os tecidos tradicionais palestinianos foram alguns dos elementos que o acompanharam mais tarde, quando partiu para fazer estudos em Roma, na Academia de Belas Artes, nos anos de 1960.

O tema da identidade deixou um traço profundo no seu trabalho, tendo sido forçado ao exílio após a ocupação de Jerusalém, em 1967, por Israel, e passou cinco décadas da vida vivendo entre os Estados Unidos, Marrocos e França, antes de se instalar definitivamente em Berlim.

O ministério palestiniano da Cultura lamentou já a morte do histórico artista, em comunicado: "O movimento cultural palestiniano perde um artista dedicado que ficará sempre na história e futuro da arte palestiniana como uma expressão de liberdade, luta e criatividade, e na memória das gerações inspiradas pelo seu trabalho".

Nos anos 1970 e 1980, Boullata fez parte do movimento 'hurufiyya', no qual artistas árabes desenvolveram pesquisas em que conjugaram a antiga caligrafia árabe e o modernismo.

Um dos seus interesses maiores era pintar a luz e a transparência, uma paixão que, afirmou, um dia, "vinha da necessidade de capturar a luz de Jerusalém".

Em 1993 recebeu uma bolsa Fulbright para pesquisar a arte islâmica em Marrocos e, mais tarde, também investigou as origens da pintura na Palestina, tendo publicado três livros que foram pioneiros nesta área.

É o autor de "Arte palestiniana: De 1850 ao presente", referência recorrente nesta área, considerada uma das mais importantes obras dobre a arte moderna e contemporânea na Palestina.

"Eu não sou um historiador. Sou um artista que quis dar alguma ordem ao caos que os palestinianos têm vivido", disse, em 2009, numa entrevista, a propósito do seu trabalho de investigação.

A sua produção artística foi exibida na Europa, Estados Unidos, França, no Médio Oriente, e pode ser encontrada em coleções como o Museu Britânico, em Londres, o Instituo do Mundo Árabe, em Paris, a Biblioteca Pública de Nova Iorque, e no Museu de Arte Moderna Árabe, em Doha.

Um simpósio, um livro e uma exposição sobre o trabalho de Kamal Boullata estão marcados para janeiro de 2020, para a West Court Gallery, no Jesus College, em Cambridge, no reino Unido.

Também serão publicados, em breve, dois outros livros, pela editora alemã Hirmer Verlag: "There Where You are Not", centrado na sua escrita sobre arte, e "Uninterrupted Fugue", sobre o seu próprio trabalho.

AG // MAG

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