'Selo' da UNESCO no Bom Jesus de Braga traz "deveres e responsabilidades" - Confraria

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Porto Canal com Lusa

Braga, 09 jul 2019 (Lusa) - A classificação do Bom Jesus do Monte em Braga como património da UNESCO é um "encontro entre o sonho e a realidade" que traz "obrigações, deveres e responsabilidades", mas ainda assim um "momento vitorioso", disse hoje responsável pela candidatura.

Em conferência de imprensa, esta tarde, em Braga, 'a cara' da candidatura daquele local sagrado a património mundial, o investigador Varico Pereira, secretário da Confraria do Bom Jesus do Monte, explicou que terão de ser feitos investimentos no local, nomeadamente ao nível da conservação, acesso ao local e forma como se facilita a visita.

Segundo enumerou, um dos "compromissos" com a UNESCO foi mesmo a construção de um centro interpretativo do Bom Jesus do Monte, de bolsas de estacionamento, a criação de um conselho consultivo para auxiliar a Confraria que gere o espaço, melhorias no acesso e qualificação da visita, e estabelecimento de um programa cultural.

"Exemplo extraordinário de um monte sagrado com uma monumentalidade sem precedentes, determinada por uma narrativa completa e elaborada da Paixão de Cristo, de grande importância para a história da humanidade, incorpora também traços que identificam o catolicismo romano, sentido comunitário, teatralidade e a vida como uma jornada permanente inesgotável", definiu assim a UNESCO o Bom Jesus do Monte, segundo conta Varico Pereira.

Mas, com as palavras que tornaram o "sonho em realidade", vieram algumas responsabilidades para a Confraria do Bom Jesus, que gere o santuário e que, com a colaboração da arquidiocese e da autarquia, terá de cumprir até 2020.

"As principais linhas estratégicas para o futuro têm a ver com aquilo que é a conservação do património cultual e natural, e será necessário, imediatamente, finalizar alguns pormenores relativos às questões relacionadas com o perigo que os incêndios podem representar para este espaço", explicou.

Salientou, no entanto, quanto aquele requisito, o "Conselho Internacional de Monumentos e Sítios [ICOMOS] aceitou e compreendeu que, no desastre de outubro de 2017, o único território que não foi atingido pelas chamas foi precisamente aqui o espaço do Bom Jesus, o que revela que, em termos de conservação, a Confraria tinha e tem um trabalho bem feito".

"A segunda linha estratégica prende-se com a necessidade de fazer um investimento no que diz respeito à requalificação de alguns espaços, com o objetivo de conter aquilo que possa ser uma afluência massiva de turistas ao monumento", apontou.

Há também o compromisso de "criar um espaço de interpretação do Bom Jesus, para que o visitante possa sair daqui mais informado e tenha uma experiência mais enriquecedora, depois de conhecer melhor o santuário".

Por último, tem de haver "um reforço da 'governança' do santuário, é preciso regular a capacidade de carga", disse. "A UNESCO elogiou muito o que fizemos relativamente à contenção do trânsito no interior da estância, minimizando o impacto dos veículos na paisagem cultural".

Os responsáveis pela candidatura do Bom Jesus do Monte em Braga, conseguida no domingo, na reunião do Comité do Património Mundial da UNESCO, em Baku, no Afeganistão, salientaram ainda o trabalho da diplomacia portuguesa: "Para lá de todo o trabalho científico e técnico realizado, a diplomacia portuguesa está de parabéns. O embaixador Sampaio na Nóvoa [na UNESCO] e Morais Cabral [presidente da Comissão Nacional da UNESCO] foram como grandes embaixadores desta vitória. O esforço diplomático que eles fizeram estes dias em Baku foi fundamental", clarificou.

Quanto ao Bom Jesus do Monte de Braga é "o encontro entre sonho e a realidade, é um local de encontros".

"Entre o céu e a terra, entre deus e o homem, entre o espanto e a oração, entre o encanto desta natureza envolvente que nos sussurra um eco divino de sublime beleza", definiu o representante da Confraria, Mário Rodrigues.

O santuário reconhecido pela organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), é constituído por 26 hectares, sendo visitado anualmente por um milhão e 200 mil pessoas que observam os escadórios com 116 metros de elevação e 573 degraus.

Pelo percurso da Via Sacra estão espalhadas 19 capelas: 14 no percurso até à Basílica e cinco outras até ao Terreiro dos Evangelistas.

O percurso tem também 20 fontes e 32 estátuas. O Terreiro dos Evangelistas ganha o nome com as estátuas de São Mateus, São João, São Lucas e São Marcos, das suas quatro fontes.

JCR // MAG

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