BE/Açores quer retirada imediata de amianto de escola das Capelas
Porto Canal / Agências
Ponta Delgada, 24 fev (Lusa) -- O BE visitou hoje a Escola Básica Integrada de Capelas, nos Açores, para alertar para a existência de amianto neste estabelecimento de ensino, que deve ter "prioridade imediata de intervenção" e "estudos epidemiológicos" junto da comunidade escolar.
"Consideramos inaceitável que uma escola que foi das primeiras a detetar e a denunciar a existência de amianto nas suas instalações, nomeadamente ao nível da cobertura, esteja ainda na situação em que está. Onde estão estes estudos e estes levantamentos feitos ao nível da medicina do trabalho, do acompanhamento dos funcionários, professores e alunos da escola feitos pela Direção Regional da Educação?", afirmou a deputada Zuraida Soares, em declarações aos jornalistas.
O BE visitou esta escola do concelho de Ponta Delgada solidarizando-se com as preocupações da comunidade escolar.
"É necessário que esta escola seja a prioridade imediata de intervenção para a remoção de amianto e é preciso fazer estudos epidemiológicos nesta escola e na sua comunidade para saber como estão as pessoas", alertou a deputada do BE no parlamento dos Açores.
Zuraida Soares, que foi recebida pelo presidente do conselho executivo, lamentou que a escola não seja considerada uma prioridade na calendarização para remoção do amianto das escolas dos Açores.
Tetos com a cortiça danificada e a cair ou água a escorrer pelo tetos e paredes quando chove são outras das situações que preocupam a comunidade escolar.
Apesar de não ser possível estabelecer uma relação de causa efeito, Zuraida Soares sublinhou que o amianto é "uma substância altamente cancerígena", alertando para a existência de alguns casos de cancro.
Zuraida Soares disse que "falta cumprir o Decreto Legislativo Regional" relacionado com os edifícios públicos com amianto, denunciando a "inexistência" de estudos epidemiológicos "nos locais onde há risco".
Paula Leite, representante dos pais na área escolar de Capelas, manifestou preocupação em relação à situação da escola, alegando que "já se criou um pânico" com "alguns casos de cancro que têm aparecido".
"Neste ano letivo já apareceu mais um cancro novo numa docente e uma reincidência noutra docente. No ano passado apareceram mais dois casos", apontou, revelando que a petição para que se façam obras na escola e a retirada urgente do amianto já tem mais de 1200 assinaturas.
Também o aluno Bernardo Leite denunciou aos jornalistas "a falta de condições" da escola, apontando para "muitas infiltrações" de água, "um líquido cor de laranja tóxico nas paredes" e "falta de condições para a prática de educação física".
O presidente do conselho executivo, Jorge Pinheiro, disse que a escola tem sofrido "várias intervenções", mas admite a urgência de obras de fundo, acrescentando que "toda a comunidade escolar tem trabalhado junto da Direção Regional da Educação para que se possa ter uma escola nova".
O Governo dos Açores anunciou este mês que até final de 2015 avançarão todas as obras que acabarão com o problema do amianto nas escolas da região, prevendo a sua conclusão para 2017.
Assim, na EBS da Calheta, na ilha de São Jorge, as obras estão em fase de concurso e têm início previsto ainda para este ano, com conclusão em 2017.
Noutras quatro (EBI das Capelas, EBI Canto da Maia, EBI dos Arrifes e EBI de Rabo de Peixe, todas na ilha de São Miguel), as obras arrancam em 2015 e devem estar acabadas em 2017.
Na EBI da Lagoa, também em São Miguel, as obras iniciam-se em 2016 e terminam em 2017.
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