Guiné-Bissau/Eleições: Economista alerta para ano de "incerteza"
Porto Canal com Lusa
Bissau, 18 fev (Lusa) - O economista guineense Santos Fernandes disse hoje que 2019 vai ser um ano de incerteza económica na Guiné-Bissau devido ao ciclo eleitoral, que começa com eleições legislativas a 10 de março, e que vai afastar os investidores.
"Vamos ter um ano de incerteza a nível económico, porque os próprios investidores, se o país já vinha de cíclicas crises, agora têm razões de sobra para terem a incerteza relativamente ao ambiente de negócios", afirmou à Lusa Santos Fernandes.
A Guiné-Bissau vai realizar eleições legislativas a 10 de março, depois de uma crise política, que teve início em 2015 com a demissão do Governo formado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Desde 2014, ano em que se realizaram as eleições legislativas, a Guiné-Bissau teve sete primeiros-ministros, um dos quais nomeado por duas vezes.
O país deverá ainda este ano realizar eleições presidenciais.
Para o economista, o crescimento vai ficar "um pouco acima dos 3%", porque os "empresários são políticos e parte do seu capital vai ser canalizado para a campanha" eleitoral.
"Isso retrai o investidor que vai ficar a aguardar quem vai ganhar as eleições", salientou.
Santos Fernandes explicou também que apara aquele cenário vai contribuir o facto de o país continuar sem diversificar a economia, continuando a depender da comercialização da castanha de caju, que não cria emprego.
"Enquanto em África se fala da diversificação da economia, nós continuamos a falar da castanha de caju e, do ponto de vista económico, quanto mais heterogéneo e diversificado for o mercado melhor", disse.
"Todos estes fatores não vão ajudar o ambiente económico para o ano de 2019 com a agravante de a economia não ser diversificada", acrescentou.
Segundo Santos Fernandes, outro grave problema é a corrupção, que afeta "até 30% do Produto Interno Bruto".
"A corrupção guineense é endémica e está a olho nu. A nossa população não consegue ter consciência da forma como é afetada pela corrupção", disse.
Segundo o relatório da Transparência Internacional sobre o índice da corrupção, a Guiné-Bissau só conseguiu obter 16 dos 100 pontos previstos e está entre os países mais corruptos do mundo.
"O investidor é um especialista em análise de risco e esse relatório vai comprometer a captação de investimento que tanto é necessária para o país", lamentou.
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