Caso BPP: Antigos presidentes do BCP chamados a testemunhar no julgamento de Rendeiro

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 12 fev (Lusa) - Três antigos presidentes do Banco Comercial Português (BCP), nomeadamente, Paulo Teixeira Pinto, Filipe Pinhal e Carlos Santos Ferreira, vão intervir no julgamento do caso Privado Financeiras na qualidade de testemunhas independentes, revelou hoje o advogado de João Rendeiro.

"Virão até cá [ao tribunal] os ex-presidentes do Conselho de Administração do BCP Paulo Teixeira Pinto, Filipe Pinhal e Santos Ferreira como testemunhas independentes", avançou José Miguel Júdice, que representa João Rendeiro, fundador do Banco Privado Português (BPP).

Em causa está um processo de aumento de capital do BCP, na qual participou a Privado Financeiras, o veículo de investimento do universo BPP que investia em títulos do BCP, com o propósito de atingir uma participação de 4% no maior banco privado português.

"Só havia duas opções: ir ao aumento de capital do BCP ou liquidar a Privado Financeiras", afirmou Júdice, na sua alegação inicial.

De acordo com o advogado, com base nos fundamentais do BCP e nas informações passadas pelo Conselho de Administração do banco ao mercado, "todos os 'players' aconselharam ir ao aumento de capital".

Mais, segundo os dados avançados por Júdice, "99% dos acionistas [do BCP] optaram por ir ao aumento de capital" em virtude de "toda a informação disponível, nas notícias e nos 'research' [notas de análise dos bancos de investimento] que apontavam para a ida ao aumento de capital".

O advogado acrescentou que "se houvesse ações sobrantes [no âmbito da operação de aumento de capital do BCP] a Privado Financeiras alcançaria 4% do BCP, que era o objetivo que tinha sido fixado".

Sempre de acordo com as afirmações de Júdice, o prospeto do aumento de capital do BCP, da responsabilidade da gestão do banco, "era altamente positivo e com boas perspetivas" para os acionistas que acompanhassem a operação.

É devido a esta matéria que os três antigos presidentes do BCP vão dar o seu testemunho ao coletivo de juízes liderado por Nuno Salpico.

"Ficará provado que nunca o meu cliente deu informação [aos seus colaboradores] para que não fosse dada toda a informação aos investidores", assegurou Júdice.

E atirou: "João Rendeiro pode ser o homem que todos amamos odiar, mas isso não é suficiente para o condenar".

O responsável reforçou que "se condenarem o arguido [Rendeiro] a decisão irá para os anais" da justiça.

"Transforma-se o amador na coisa amada ou, neste caso, transforma-se o burlador na coisa burlada", ilustrou Júdice.

O advogado insistiu que, face às perdas que João Rendeiro averbou com o seu próprio investimento na Privado Financeiras (na ordem dos três milhões de euros), caso a tese da acusação fosse verídica, tal significaria que o banqueiro se tinha "imolado pelo fogo para matar os outros".

Nesse caso, Rendeiro seria "uma espécie de terrorista da Al Qaeda", frisou.

Júdice assinalou ainda que "os juízes não são justiceiros", lamentando que se tenha "reinventado, em pleno século XXI, o crime de vexame, depois de já ter sido erradicado".

O julgamento de três ex-gestores do Banco Privado Português (BPP), entre os quais o fundador e presidente João Rendeiro, a que se somam Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital, no âmbito do caso Privado Financeiras, arrancou esta manhã, pouco depois das 10:00, em Lisboa.

Enquanto decorre a investigação do processo principal do caso BPP, relacionado com a primeira intervenção das autoridades no banco, em 2008, e que incide sobre vários aspetos ligados à gestão, aos clientes e ao fisco, avançou este processo-crime paralelo relacionado com o veículo criado no universo BPP para investir especificamente em ações do Banco Comercial Português (BCP).

Os arguidos, João Rendeiro, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital são acusados pelo Ministério Público (MP) de burla qualificada em coautoria.

DN/FC // MSF

Lusa/fim

+ notícias: Política

Montenegro quer que 50 anos marquem “ponto de viragem” na retenção de talento dos jovens

O primeiro-ministro manifestou esta quinta-feira a convicção de que os 50 anos do 25 de Abril serão “um ponto de viragem” para quebrar “um ciclo negativo” dos últimos anos, de “incapacidade de reter em Portugal” o talento dos jovens.

Milhares na rua e Marcelo atacado com herança colonial

Milhares, muitos milhares de pessoas saíram esta quinta-feira à rua para comemorar os 50 anos do 25 de Abril, no parlamento a direita atacou o Presidente por causa da herança colonial e Marcelo fez a defesa da democracia.

25 de Abril. A carta do Presidente dos Estados Unidos para Portugal

O presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, congratulou esta quinta-feira Portugal pelo “espírito corajoso” com que fez a Revolução dos Cravos, há 50 anos, que permitiu o regresso da democracia.