Luanda tem "dois pesos e duas medidas" para Lisboa e Brasília - UNITA

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 08 fev (Lusa) - O porta-voz da UNITA acusou hoje Luanda de ter "dois pesos e duas medidas" nas reações a processos judiciais contra angolanos instaurados em Portugal e no Brasil, defendendo que Angola "acha que pode impor a sua vontade" a Lisboa.

"Há aqui dois pesos e duas medidas. Para o Brasil, [Angola] não reagiu da mesma forma quando se soube do caso Bento Kangamba", disse Alcides Sakala em entrevista à Lusa em Lisboa.

O deputado da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) comparava assim a reação de Luanda ao processo judicial instaurado pelo Brasil contra Bento dos Santos "Kangamba", sobrinho por afinidade do presidente José Eduardo dos Santos, com a forma como Angola suspendeu, em outubro, a intenção de formalizar uma parceria estratégica com Portugal após processos judiciais contra angolanos em Lisboa.

"'Kangamba' é procurado hoje pela Interpol para responder junto dos tribunais brasileiros, mas Angola não disse nada, com a agravante de que 'Kangamba' é casado com uma sobrinha do presidente, é uma pessoa que faz parte da corte monárquica angolana. Mas esta questão ficou silenciada em Angola", reiterou o porta-voz do principal partido da oposição em Angola.

Para Sakala, a diferença poderá explicar-se com uma "equação de poder": "Penso que Angola tenta, em certa medida, chantagear Portugal. Talvez, nesta equação de poder das relações internacionais de Angola no quadro da lusofonia, Portugal seja o país (...) a quem Angola acha que pode impor a sua vontade. Talvez pelo volume de investimentos que Angola faz com Portugal".

No entanto, o porta-voz da UNITA defende que Portugal "não deve permitir transformar-se numa plataforma, numa placa giratória de lavagem de dinheiros de dirigentes angolanos".

"É preciso alguma coragem. É a justiça internacional que está em causa. Portugal tem de ser firme, para que esta prática não suceda. Se outros países podem fazer, também penso que Portugal pode fazer", acrescentou Sakala.

Para a UNITA, disse o porta-voz, "entre Portugal e Angola há relações importantes, não só culturais, como sanguíneas" que "têm de ser acarinhadas" porque são importante não só entre os dois Estados, mas sobretudo entre os dois povos.

As relações entre Portugal e Angola tornaram-se tensas depois da polémica gerada no início de outubro por declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros português em que pediu "desculpas diplomáticas" ao Estado angolano pelas investigações judiciais em Portugal envolvendo altas figuras do regime de Luanda.

Dias depois, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou a suspensão da intenção de formalizar uma parceria estratégica entre Angola e Portugal.

Bento dos Santos "Kangamba" é acusado pelo Ministério Público Federal brasileiro de ser o principal financiador de uma rede internacional de tráfico de mulheres e a sua prisão preventiva foi pedida pela Justiça brasileira.

Alcides Sakala afirmou ainda à Lusa que, "numa altura em que a corrupção em Angola é galopante, em que há uma corrupção institucionalizada e má gestão do erário publico", é necessária pressão da comunidade internacional.

Em primeiro lugar, a UNITA pede pressão na questão dos direitos humanos, que diz serem "constante e sistematicamente violados" no país.

"A questão dos direitos humanos é uma questão central, universal, que toca todos os Estados sensíveis a este problema. O nosso apelo vai no sentido de a comunidade internacional pressionar o executivo angolano para que pare com esta postura", disse.

Para a UNITA, Angola vive hoje "uma certa regressão" face aos ganhos que alcançados até 2005. Nessa altura, defendeu Sakala, "havia uma perspetiva um pouco mais otimista, [enquanto] hoje há uma certa regressão centralizadora do poder, que anda à volta de José Eduardo dos Santos e dos seus colaboradores mais próximos".

"O presidente angolano transformou-se num fator de bloqueio do processo democrático angolano e o país continua a regredir", afirmou.

Sakala está em Lisboa até domingo para apresentar o novo delegado do partido junto das comunidades angolanas em Portugal.

FPA // PJA

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