Brasil: Corrupção, crise e insegurança deram vitória a Bolsonaro - Analista

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 29 out (Lusa) - O professor de Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), Filipe Vasconcelos Romão, considerou hoje à Lusa que a vitória de Jair Bolsonaro no Brasil resulta da corrupção, crise económica e da insegurança generalizada.

"Bolsonaro foi eleito por três questões centrais, a primeira das quais tem a ver com a corrupção e o sentimento de corrupção que passou e com a culpabilização do Partido dos Trabalhadores (PT) por essa corrupção, mesmo que marcadamente um exagero a forma como um só partido está a ser responsabilizado por todos os males do Brasil", disse o académico à Lusa, comentando a vitória do candidato do PSL (extrema-direita) às eleições presidenciais brasileiras.

"O segundo aspeto é a crise económica; o Brasil está numa das maiores crises económicas das últimas décadas, e é preciso perceber se vai conseguir superar a crise e como o vai fazer, porque se estivermos perante as soluções já divulgadas como a criação de um escalão único de IRS, estamos na iminência de um aumento da desigualdade, portanto mesmo que haja crescimento do produto, poderá aumentar a desigualdade na distribuição da riqueza e isso vai prolongar a crise nas classes mais desfavorecidas", acrescentou Filipe Vasconcelos Romão.

O terceiro aspeto que terá dado a vitória a Bolsonaro sobre Fernando Haddad é a insegurança: "Há que perceber qual o plano, se vai haver declaração de estado de emergência para as forças armadas atuarem no local onde deveriam atuar as forças policiais", disse o professor universitário.

Para Filipe Vasconcelos Romão, a colocação de forças armadas a fazer policiamento pode ser uma "terapia de choque para uma criminalidade que já atinge níveis de vítimas mortais ao nível de uma guerra civil ou de um conflito de baixa intensidade".

Questionado sobre o empenho do Brasil na dinamização da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o académico respondeu: "Neste momento, e já noutros ambientes e contextos, a CPLP é uma comunidade bastante secundária nas prioridades da política externa brasileira e, na prática, também da própria política externa portuguesa, e vai continuar nesses moldes".

A prioridade, apontou, vai para os Estados Unidos e a China, no primeiro caso porque "há uma simpatia ideológica de Bolsonaro por Trump, não obstante Bolsonaro ser um político totalmente diferente de Trump num conjunto de medidas e de áreas em que é bem mais radical, extremista, próximo do neofascismo, claramente isso existe em Bolsonaro e em Trump não é tão evidente".

Sobre o relacionamento com a China, Filipe Vasconcelos Romão acredita que as críticas de Bolsonaro ao investimento chinês vão ser moderadas nos próximos tempos.

"Houve um discurso muito agressivo, mas olhando para o volume das relações comerciais é inevitável a continuação desses laços e seria totalmente suicida entrar por uma estratégia que visasse dinamitar as relações com a China tendo em conta as trocas comerciais e o investimento chinês no Brasil, que é muito relevante".

O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.

De acordo com os dados do Supremo Tribunal Eleitoral, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, e a abstenção foi de 21%, num total de mais de 147,3 milhões eleitores inscritos.

MBA // VM

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