Open Europeu de Jiu Jitsu faz de Lisboa a capital mundial da modalidade

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 25 jan (Lusa) - Bem agarrada ao kimono da adversária, ao som de centenas de vozes no pavilhão, Ana Amélia está a seis minutos de uma das finais do 11.º Open Europeu de Jiu Jitsu, que reúne mais de 3.000 atletas em Lisboa.

Um olhar rápido às pernas da adversária, a sueca Jenny Lundberg, um outro olhar às mãos e o combate passa rapidamente para o chão, entre tentativas de aplicar chaves aos braços, às pernas, aos pulsos. Uma guarda bem defendida, outra falhada, um ponto atribuído, depois outro e ainda outro.

Seis minutos depois, o juiz levanta um braço. É Jenny Lundberg, a sueca, quem passa à final, pondo um fim ao sonho da lutadora portuguesa no seu primeiro Open Europeu. Resta-lhe a categoria absoluta, onde poderá "apanhar" lutadoras de qualquer faixa de peso.

"Foi uma participação bastante boa, enriquecedora. Foi o meu primeiro [Open] europeu - não vim na faixa branca, vim agora na azul - e fiquei até bastante surpreendida por passar a primeira [adversária], passei a segunda e perdi na terceira, mas o pódio está lá", conta Ana Amélia Ribeiro à Lusa após o combate, ainda cansada do esforço.

Na categoria de pesos leves (58 a 64 kg), Ana Amélia nem tem muitos anos de prática, mas tem ajudado na preparação dos colegas de equipa.

"Treino há dois anos e seis meses. Vou fazer um ano de faixa azul em fevereiro, portanto não sou uma pessoa com anos e anos de prática. Tenho treinado bastante, tenho ajudado na preparação", afirma a lutadora, explicando que nestes eventos absorve-se muita experiência.

Para Ana Amélia "é sempre uma vantagem vir a estes eventos, lutar com mulheres que fazem disto uma profissão", prometendo que regressará, e em força.

"Para o ano venho outra vez, com mais um ano de experiência e treino, para tentar chegar à final. Vamos lutar pelo ouro", sentencia, confiante.

Por estes dias, até domingo, Lisboa é a "Meca" do Jiu Jitsu mundial, reunindo no Complexo Desportivo do Casal Vistoso milhares de atletas, treinadores e acompanhantes, que começam a época do Jiu Jitsu num torneio que não distribui prémios monetários, apenas pontos de "ranking" e prestígio.

A 11.ª edição do Open assinala este ano o décimo aniversário do torneio em Lisboa e a Federação Portuguesa de Jiu Jitsu Brasileiro (FPJJB) considera que está a ser "um êxito".

"O evento este ano atingiu um recorde máximo de 3.000 atletas de todo o Mundo e durante quatro dias temos Lisboa inundada de atletas de Jiu Jitsu de todo o lado, praticantes e amantes desta modalidade que não para de crescer", explicou à Lusa Diogo Valença, o presidente da FPJJB, que organiza o evento em nome da Federação Internacional.

E não é um acaso Portugal estar na rota do Jiu Jitsu: a FPJJB estima que existam mais de 4.000 praticantes no país, entre os quais cerca de mil federados. Diogo Valença explica que a modalidade é não só um estilo de luta - nascido no Japão e aperfeiçoado no Brasil -, mas um modo de vida saudável.

"O Jiu Jitsu atualmente é um estilo de vida em que treinamos, cuidamos do corpo, cuidamos da alimentação, procuramos obter sempre mais conhecimento. Esse é o espírito do Jiu Jitsu e por isso é que a modalidade está a crescer tanto, porque é apaixonante, não só a nível técnico como desportivo e de conquista pessoal", explica.

Nos tatami, os combates das várias categorias de faixa roxa já animam as centenas de pessoas nas bancadas, mas pelos corredores, nas ruas das Olaias em torno do complexo, nas áreas de aquecimento, dezenas, centenas de jovens de todas as nacionalidades, de cara fechada, "headphones" nos ouvidos, saltitam, aquecem em silêncio para a próxima luta, para os próximos minutos de combate.

De volta ao tapete, entre mais uma chave ou uma submissão, procuram em Lisboa um lugar entre os melhores e, quem sabe, um convite para os combates profissionais, seja no Jiu Jitsu ou mesmo para o milionário Ultimate Fighting Championship (UFC, combates de artes marciais mistas e em que os lutadores de Jiu Jitsu têm tido bastante êxito).

As categorias mais apelativas do Open Europeu - faixas pretas adultos e categorias absolutas - disputam-se no domingo, no Complexo Desportivo do Casal Vistoso, em Olaias, Lisboa.

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