Centro Hospitalar Lisboa Norte pede explicações urgentes sobre perda de vagas para formar médicos
Porto Canal com Lusa
O Centro Hospitalar Lisboa Norte pediu informação urgente ao Ministério da Saúde sobre a não atribuição de vagas para formar internos nas especialidades de pneumologia, otorriono e imunoalergologia, manifestando surpresa e aludindo à "excelência dos serviços".
Numa carta enviada à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), que integra o Santa Maria e o Pulido Valente, manifesta surpresa por não terem sido atribuídas vagas para formar médicos em três especialidades e solicita "informação urgente" sobre as razões e pressupostos que o determinaram.
"Em momento algum a ACSS nos contactou em relação a eventuais dúvidas sobre a capacidade formativa do CHLN (...) ademais em especialidades em que temos tradição de bem formar especialistas para o sistema nacional de saúde", refere a administração do Centro Hospitalar na carta, a que a agência Lusa teve acesso, documento que foi dado a conhecer igualmente aos gabinetes do ministro e secretários de Estado da Saúde.
A administração do CHLN lembra ainda que o mapa de vagas é "muito inferior ao número de candidatos à formação de especialização médica", razão pela qual a administração se sente ainda mais surpreendida.
Segundo o mapa de vagas de acesso às especialidades médicas, o CHLN perdeu a capacidade formativa para 2019 em três áreas, uma delas a pneumologia, quando o Pulido Valente é considerada a maior escola do país nesta especialidade.
Há cerca de uma semana, o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, explicou à Lusa que o serviço de pneumologia do CHLN está a ser avaliado, na sequência de denúncias relativas a situações irregulares, como o caso de internos que estariam a fazer urgência sozinhos, sem tutela de um especialista. Esta situação, que está a ser avaliada pela Ordem, levou a que não fossem abertas vagas para pneumologia no CHLN, confirmou o bastonário.
Contudo, a administração do CHLN escreveu também uma carta à Ordem dos Médicos, afirmando que "o serviço possui todos os requisitos para manter a idoneidade e capacidade formativa".
O CHLN pediu ainda à Ordem explicações sobre a não atribuição de vagas para a especialidade de otorrinolaringologia, reiterando um pedido que já havia feito em abril, quando soube através da comunicação social que ia ser retirada capacidade formativa ao centro hospitalar em otorrino.
A administração hospitalar indica que no início de maio, já depois de ter tido conhecimento pelos jornais da intenção da retirada de capacidade formativa, foram enviados pelo serviço de otorrino à Ordem dos Médicos documentos para ser feita uma reavaliação do serviço, que estará ainda em curso.
Quando o mapa das capacidades formativas foi conhecido, o bastonário dos Médicos disse que as vagas a atribuir foram avaliadas "de forma rigorosa" e que há uma "clara fundamentação" nos casos em que não são atribuídas vagas. "A capacidade formativa depende da capacidade do serviço. A preocupação da Ordem é garantir que a formação dos especialistas é feita com qualidade. Temos uma elevada qualidade na formação e esse é o nosso principal objetivo", disse.
Pelo segundo ano seguido, cerca de 700 médicos deverão ficar sem vaga para fazer a sua especialidade, já que o mapa das capacidades formativas tem 1.665 vagas para 2.365 candidatos.