Especialistas defendem mudança de edifícios e fim de novas construções na costa

| País
Porto Canal com Lusa

Redação, 08 abr (Lusa) - A relocalização de edifícios e o impedimento de novas construções na costa são essenciais para evitar a destruição de infraestruturas causada pela erosão costeira e amplificada pelas tempestades, segundo especialistas nesta área.

"Há situações em que nós nos colocamos em locais errados, por isso, além da realimentação artificial [...], teremos mesmo de, em alguns locais onde possa ser justificável, fazer algum reordenamento e alguma relocalização na zona costeira", defende Óscar Ferreira, especialista em erosão costeira.

Também o diretor regional da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) no Algarve, Sebastião Teixeira, considera que "há muitos sítios onde inevitavelmente" essa relocalização "vai ter de acontecer", já que a erosão é um processo contínuo, o que significa que o recuo das arribas pode colocar determinadas construções em risco "de ficarem à beira de um precipício".

Óscar Ferreira entende também que não se deve voltar a construir em locais que foram destruídos, porque se o mar lá chegou de alguma forma, "vai continuar a chegar", sobretudo num quadro de subida do nível do mar, em que é expectável que a erosão costeira seja "um pouco mais acentuada" no futuro.

"Se nós não tivéssemos uma ocupação muito intensa na área litoral e se tivéssemos um ordenamento de território ideal onde estávamos um pouco mais afastados da zona costeira, provavelmente pouco sentiríamos a influência direta desse recuo da linha de costa", observa o professor da Universidade do Algarve.

Segundo Sebastião Teixeira, nas zonas de arriba rochosa, em que os desmoronamentos são espaçados, a vulnerabilidade "não é tão grande" como nas zonas que têm arribas arenosas, como por exemplo, na faixa costeira entre Quarteira e o Ancão, que se estende pelos concelhos de Loulé e Faro, no Algarve.

De acordo com o responsável, aquele setor costeiro tinha taxas de erosão de um ou dois metros, mas já chegou a ter cinco metros por ano, situação atenuada pela operação de realimentação de grande escala efetuada em 2010.

"Essa, que era a zona mais dramática, deixou de o ser temporariamente. Em 2010, a taxa de erosão era um metro e meio, dois metros por ano. Está neste momento nos centímetros por ano", ilustrou.

Segundo Sebastião Teixeira, a intervenção de realimentação artificial nas praias situadas naquele setor foi a solução encontrada para que o mar não atingisse a arriba diretamente, dando ao mar "a areia de que precisa para uma década".

O diretor regional da APA notou que, na última avaliação realizada, passado sete anos da intervenção, ainda estava metade da areia que foi posta no início e o que seria expectável é que estivesse lá apenas 30% dos sedimentos colocados.

Além da realimentação artificial, a construção de paredões e a colocação de esporões continuam a ser as formas de proteção costeira mais tradicionais, embora Óscar Ferreira considere que a construção de estruturas do tipo pesado deva ser "muito bem" equacionada e apenas aplicada em áreas onde não há mais solução possível.

A par dos custos elevados, estas estruturas de defesa costeira protegem o local onde são colocadas, mas "transferem o problema para o local imediatamente a seguir", onde o "sedimento não vai chegar porque é retido nessas estruturas", conclui o geólogo.

MAD // ROC

Lusa/Fim

+ notícias: País

Jackpot de 166 milhões de euros sem vencedor mas prémios a caminho de Portugal

Não foi desta que o montante "chorudo" do Euromilhões foi atribuído. Para o sorteio 033/2024 desta sexta-feira estavam em jogo 166 milhões de euros.

151 milhões de euros em jogo: eis a chave do Euromilhões

Já são conhecidos os números e estrelas do sorteio de Euromilhões desta sexta-feira. Para o sorteio 033/2024 estão em jogo 151 milhões de euros, depois de não terem existido totalistas no sorteio de 23 de abril.

Libertados suspeitos de tráfico de droga e violência doméstica devido à greve dos oficiais de justiça

A greve dos funcionários judiciais levou a que mais cinco detidos tenham hoje sido colocados em liberdade por se ter esgotado o prazo para apresentação a interrogatório judicial, adiantou o Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ).