Referendo à co-adoção de crianças por casais homossexuais é "manobra dilatória" - ILGA

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 14 jan (Lusa) -- A associação ILGA Portugal considerou hoje a proposta de referendo sobre a co-adoção de crianças por casais do mesmo sexo uma "manobra dilatória" que revela "falta de respeito" pelo processo parlamentar, mas também pelas crianças e famílias.

O parlamento debate na quinta-feira um projeto de resolução do PSD que propõe a realização de um referendo com duas questões para serem sufragadas: "Concorda que o cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo possa adotar o filho do seu cônjuge ou unido de facto?" e "Concorda com a adoção por casais, casados ou unidos de facto, do mesmo sexo?".

Na proposta, os deputados do PSD consideram "ser imperativo proporcionar ao povo português a oportunidade de se pronunciar sobre esta questão que toca em valores e direitos fundamentais que devem ser assumidos na base da liberdade das convicções de cada um".

Para o presidente da ILGA - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero, o conteúdo da proposta "é ilegal" porque incide sobre mais do que uma questão, "o que não é possível por lei".

"São duas matérias diferentes, uma das quais não tem nenhum tipo de processo legislativo iniciado no Parlamento e, portanto, não está de acordo com o que seria o requisito para ser admissível", explicou Paulo Côrte-Real.

Criticou também o facto de esta proposta surgir após vários meses de trabalhos na especialidade do projeto-lei do PS para a co-adoção por casais ou unidos de facto do mesmo sexo, que foi aprovado na generalidade em maio do ano passado, com 99 votos a favor, 94 contra e nove abstenções.

"Esta proposta de referendo não é séria", comentou, lembrando que a discussão do projeto envolveu várias entidades e teve contributos de instituições europeias.

"É uma manobra dilatória que revela falta de respeito pelo processo parlamentar e por todas as entidades envolvidas" e, sobretudo, pelas crianças e famílias que já existem e precisam dessa proteção legal, frisou.

Por outro lado, apontou, vai contra as indicações e recomendações do Conselho da Europa.

Lembrou que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou recentemente a Áustria por não contemplar esta proteção legal para crianças criadas por casais do mesmo sexo e "condenaria também Portugal" caso a situação chegasse a este tribunal.

"Temos uma situação urgente a resolver", reiterou Paulo Côrte-Real, sublinhando que "Portugal é dos poucos países do Conselho da Europa que tem esta discriminação".

Os outros países são a Rússia, a Roménia e a Ucrânia, "que obviamente não são paradigmas do cumprimento dos direitos humanos".

Esta situação "não só viola, mais uma vez, compromissos de Portugal a nível internacional", no âmbito dos direitos humanos, "mas viola sobretudo a garantia de proteção do bem-estar de crianças que precisam de ver reconhecidas na lei as suas mães e os seus pais".

E também para que a própria lei obrigue as mães e pais destas crianças "a exercerem as suas responsabilidades para com eles", defendeu.

Para o responsável, é necessário "enfrentar com seriedade" esta questão e "garantir a possibilidade de votação final global de um projeto-lei que, no processo de especialidade, veio tornar claro essas duas questões".

HN // SO

Lusa/fim

+ notícias: Política

“Não há condições políticas” para regresso do Serviço Militar Obrigatório, garante ministro da Defesa

O ministro da Defesa Nacional admitiu que “hoje não há condições políticas” para voltar a impor o Serviço Militar Obrigatório (SMO), sugerindo que os jovens que optem pelas Forças Armadas tenham melhores condições de entrada na universidade ou função pública.

"Acabarei por ser inocentado", diz Galamba sobre caso Influencer

O ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, disse esta sexta-feira que acredita que vai ser inocentado no processo Influencer e discorda que a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, deva prestar esclarecimentos no Parlamento.

25 de Abril. Eanes afirma que PCP tentou estabelecer regime totalitário

O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes afirmou esta sexta-feira que durante o Período Revolucionário em Curso (PREC) o PCP se preparava para estabelecer um regime totalitário em Portugal e considerou que a descolonização foi trágica.