Autarcas de Monção protestam na Galiza contra nova linha elétrica de alta tensão
Porto Canal
Vários autarcas de Monção, entre Câmara e Juntas de Freguesia, anunciaram hoje que vão participar num protesto, na quinta-feira, em Santiago de Compostela, Galiza, contra uma nova ligação elétrica de alta tensão entre Espanha e Portugal.
Em causa está a construção de uma linha elétrica de 400 KV desde Fontefria, em território galego, e até à fronteira portuguesa, com o seu prolongamento à rede elétrica nacional, no âmbito da Rede Nacional de Transporte (RNT) operada pela empresa Rede Elétrica Nacional (REN).
O troço português, em consulta pública ambiental até 13 de fevereiro, prevê a construção desta linha através de oito dos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo e ainda por Vila Nova de Famalicão, Barcelos (ambos do distrito de Braga, Vila do Conde e Póvoa de Varzim (os dois do distrito do Porto).
Uma associação galega autodesignada como de "afetados" pelo troço espanhol desta linha promove na quinta-feira, de manhã, um protesto pelas ruas da capital da Galiza, Santiago de Compostela, contra a sua construção.
Em comunicado, a Câmara de Monção anuncia que os autarcas locais estarão representados nesta manifestação, através da vereadora do pelouro das obras e urbanismo, Conceição Soares, e de vários presidentes de junta do concelho.
"Os promotores da manifestação consideram a linha de alta tensão, que terá continuidade em território português, prejudicial e nociva para a saúde pública, defendendo a alteração do trajeto que, adiantam, deve desenvolver-se em zonas desabitadas e longe das populações", refere a autarquia portuguesa, que se associa a estes argumentos.
Só no concelho de Monção o projeto "Eixo da RNT entre Vila do Conde, Vila Fria B e a Rede Elétrica de Espanha", abrange doze freguesias, algumas das quais de grande concentração populacional.
De acordo com o documento em Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) na Agência Portuguesa do Ambiente, o troço nacional deste projeto prevê a construção de duas novas linhas duplas trifásicas de 400 KV, atravessando, potencialmente, 121 freguesias.
Trata-se de um novo eixo de ligação entre a fronteira e o Porto que, ainda de acordo com o documento, "permitirá dar resposta simultânea a várias necessidades de reforço da rede, no sentido da receção de nova produção renovável na zona do Minho", mas também para garantir o "aumento das capacidades de interligação com Espanha e de melhores condições de alimentação aos consumos do Minho litoral".
"A nível regional, a não concretização do presente projeto será negativa, uma vez que poderá pôr em causa os objetivos de reforço da RNT de eletricidade e de interligação a Espanha", lê-se no documento, consultado pela Lusa.