José Junqueiro (PS) sugere que Passos Coelho entrou em "agitação psicológica"

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 06 jun (Lusa) - O vice-presidente da bancada socialista José Junqueiro sugeriu hoje que o primeiro-ministro entrou em contexto de "agitação psicológica", acusando-o de "delírio político", de "falta de grandeza de alma" e de perda de respeito por si próprio.

José Junqueiro falava na sessão plenária da Assembleia da República, no período de declarações políticas, ocasião em que dirigiu críticas violentas ao Governo liderado por Pedro Passos Coelho e palavras mais suaves à bancada do CDS-PP.

No seu discurso, o dirigente do Grupo Parlamentar do PS admitiu que foi "certamente em contexto de agitação psicológica" que Passos Coelho disse recentemente ter orgulho na sua equipa de "gente que pôs os interesses do país à frente dos seus próprios".

Neste contexto, José Junqueiro referiu-se então à conduta ética de vários quadros sociais-democratas.

"Ao ouvir Passos Coelho sobre a sua equipa lembrei-me logo de Eduardo Catroga, António Borges, Nogueira Leite, Miguel Relvas, entre outras figuras conhecidas pela sua filantropia, desapego aos bens", disse, aparentemente numa nota irónica.

Para o ex-secretário de Estado socialista, Pedro Passos Coelho "perdeu o respeito por si próprio, tal como perdeu pelo país, pelas empresas que destruiu, pelos idosos a quem cortou o complemento solidário, pelos que não têm emprego".

"Quando o Governo já nem os seus ouve, quando o Governo já não quer ouvir o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) a confessar 'erros grosseiros' de avaliação na receita aplicada à Grécia e não tem um gesto de humildade para reconhecer que estamos hoje muito pior do que há dois anos, é porque temos um primeiro-ministro a quem falta grandeza de alma. Quando um Governo tem um primeiro-ministro que em delírio político invoca a sua consciência - como algo que existe e pensa estar de boa saúde (...) - temos de dizer que, apesar de tudo, este pesadelo tem solução e que o primeiro-ministro ainda poderá ser útil ao país se tiver o rasgo de dar o primeiro passo para a sua saída", disse.

Perante este discurso, a dirigente social-democrata Nilza Sena afirmou recusar-se "a descer ao nível da declaração" de José Junqueiro, citando em estilo de resposta o provérbio 'a chuva bate no pelo do lobo mas não lhe tira a pele'.

Já o dirigente do CDS Helder Amaral considerou que o discurso de José Junqueiro "não foi bonito".

"Fica-lhe mal fazer esse teatro dramático. Deixe esse papel para os partidos mais à sua esquerda", sugeriu o vice-presidente do CDS, lamentando que o deputado do seu distrito (de Viseu) tenha feito "um plágio" do estilo do PCP.

Na resposta, José Junqueiro referiu que o CDS, "pelo menos por duas vezes, colocou em causa o atual Governo", opondo-se a medidas de "insensibilidade social".

O vice-presidente da bancada socialista salientou ainda que, se não fosse o CDS, o PSD já estaria a pôr em marcha a taxa de sustentabilidade sobre as pensões.

Antes deste diálogo cordial PS/CDS, já o deputado do PCP João Oliveira tinha questionado José Junqueiro se os socialistas pretendiam construir a alternativa de esquerda com o CDS.

"Paulo Portas e António José Seguro estão até ao próximo dia 09 no Reino Unido na conferência anual de Bilderberg. É nessa conferência do capital internacional que farão a discussão sobre a alternativa de esquerda?", questionou João Oliveira numa nota de humor.

PMF // SMA

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