Comando pedia mais experiência e foi perturbado pela prestação de informação

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 12 out (Lusa) -- A presença excessiva de autoridades e da comunicação social junto do posto de comando operacional (PCO) perturbou o combate ao incêndio de Pedrógão Grande, a par de alguma menor experiência no comando, concluiu a comissão técnica independente.

Segundo o relatório da comissão, hoje entregue no parlamento, nas audições realizadas "foi unânime a opinião" de operacionais, autarcas e agentes de proteção civil, "de que o PCO estava permanentemente superlotado, desorganizado, desorientado, descoordenado, com autoridades políticas a intervirem também nas decisões operacionais".

"O comando de uma operação de socorro não pode ser prejudicado por estas circunstâncias, como parece ter acontecido em vários momentos", constatou a comissão, perante a necessidade de responder à solicitação de informações pela comunicação social.

O relatório salientou que o comandante das operações de socorro (COS), por muito experiente que seja, tem que ter uma disponibilidade permanente para a coordenação e comando, e que a "presença continuada de altas autoridades, que aguardam pelas suas explicações, perturba naturalmente os trabalhos de comando".

"Por estes motivos, recomenda-se que altas entidades deveriam estar presentes em áreas específicas com coordenação dedicada", aconselhou a comissão.

O COS em funções desde as 22:00 de 17 de junho até às 20:50 de 18 de junho "realizou 11 'briefings' operacionais a outras tantas entidades que ali se deslocaram, o que se entende não ser razoável para o bom comando da operação em curso", frisou o relatório.

A comissão sublinhou que a chefia da complexa operação de socorro ao incêndio florestal ocorrido em Pedrógão Grande e que afetou sete concelhos "seria sempre de elevada complexidade para quem quer que fosse que viesse a assumir o comando".

No entanto, o relatório constatou que o segundo comandante operacional distrital (CODIS) de Leiria assumiu a função de COS três minutos antes do comandante operacional de agrupamento distrital (CADIS) informar via rádio que estava no teatro de operações.

Perante esta situação, uma vez que o CADIS está hierarquicamente acima do CODIS, além do segundo comandante de Leiria ser um elemento com experiência ao nível local, o relatório admitiu que "poderá não ter sido a melhor escolha para ocupar o COS".

"Havendo alternativas, pode questionar-se por que razão, nesta fase, não foi projetado um outro CODIS, com um perfil sénior e de outro distrito, de forma a assegurar o COS num momento particularmente difícil", notou a comissão.

A esta questão acresce o facto de o segundo CODIS ter assumido o comando durante "momentos extraordinariamente difíceis, onde o incêndio era imenso, os meios eram escassos e os danos humanos e materiais começaram a fazer-se sentir".

Por isso, o relatório considerou que, perante a pior e mais fatídica ocorrência no país provocada por um incêndio florestal, "esta operação de socorro exigiria a presença dos operacionais mais qualificados, designadamente do Comandante Operacional Nacional (CONAC), que deveria ter mantido a avocação desta operação de socorro".

No relatório, refere-se ainda que num espaço de três horas o incêndio teve três COS, "o que por si só não traduz uma decisão errada", mas os peritos admitem que estes ajustamentos coincidiram com "a fase mais crítica do socorro", pelo que "alguma informação mais crítica" possa ter sido " desvalorizada ou perdida".

O relatório hoje entregue no parlamento analisa os fogos ocorridos entre 17 e 24 de junho na região Centro.

O fogo que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho só foi extinto uma semana depois, tal como o incêndio que teve início em Góis (distrito de Coimbra). Os dois fogos, que consumiram perto de 50 mil hectares em conjunto, mobilizaram mais de mil operacionais no combate às chamas.

O incêndio que deflagrou Pedrógão Grande, tendo alastrado a vários municípios vizinhos, causou 64 mortos e mais de 200 feridos.

LYFS // MLS

Lusa/fim

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