IGCP antecipa queda dos juros da dívida de Portugal após melhoria do 'rating'

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 19 set (Lusa) - A presidente da agência que gere a dívida pública (IGCP) espera uma redução das taxas de juro da dívida portuguesa, após a subida do 'rating' pela Standard & Poor's, que deverá tornar os títulos soberanos mais atrativos para os investidores.

"A expectativa é que a evolução das taxas de juro seja mais favorável", disse Cristina Casalinho no parlamento, onde está a ser ouvida hoje pelo grupo de trabalho para o endividamento público e externo.

A responsável do IGCP disse que o instituto vai manter o financiamento que já tinha calendarizado e que esperará que a "situação se sedimente para a seguir aproveitar" os menores custos do financiamento.

Sobre o efeito que terá nos juros da dívida de Portugal a redução das compras de dívida pelo Banco Central europeu (BCE), Cristina Casalinho disse que esperaria que um eventual aumento de juros fosse gradual pela retirada de estímulos por Frankfurt, e que após a subida do 'rating' [avaliação] de Portugal pela S&P, um efeito deverá compensar o outro.

Os juros da dívida portuguesa estavam às 12:55 a descer em todos os prazos, no mercado secundário, com os prazos a cinco e a dez anos a negociarem em mínimos desde maio de 2015 e desde dezembro de 2015, respetivamente.

Assim, os juros a dez anos estavam a cair para 2,392%, um mínimo desde dezembro de 2015, tal como ao início da manhã de hoje, e contra 2,413% na segunda-feira.

No prazo de cinco anos, os juros também estavam a recuar para 0,895%, agora, um mínimo desde maio de 2015 e contra 0,940% na segunda-feira.

A dois anos, os juros recuavam para -0,071%.

Ainda na audição hoje no parlamento, a presidente da agência que gere a dívida pública afirmou, que o controlo do défice orçamental é o único modo de reduzir o endividamento público.

Casalinho admitiu que é bom reduzir a fatura que Portugal paga com juros da dívida pública, mas afirmou que o fundamental para estabilizar a dívida pública é melhorar o fluxo. Ou seja, que o Estado português consiga um saldo orçamental primário positivo (um saldo positivo entre receitas e despesas, descontando o pagamento dos juros da dívida) que evita a criação de mais dívida.

A agência de notação financeira Standard and Poor's decidiu, na sexta-feira, tirar Portugal do 'lixo', revendo em alta o 'rating' atribuído à dívida soberana portuguesa de 'BB+' para 'BBB-', primeiro nível de investimento.

Com esta revisão em alta, Portugal volta a ter uma notação de investimento, atribuída por uma das três principais agências de 'rating' mundiais.

Quanto à Fitch, esta manteve em junho o 'rating' de Portugal em 'lixo', mas alterou a perspetiva para 'positiva', o que indica que poderá mudar a nota de Portugal para grau de investimento na revisão de final do ano.

No início deste mês, foi a vez de a Moody's melhorar a perspetiva sobre a dívida pública portuguesa de estável para positiva, podendo assim rever em alta o 'rating', para grau de investimento dentro de 12 ou 18 meses.

Também no caso da S&P, o mercado esperava que primeiro alterasse a perspetiva e só posteriormente a nota da dívida soberana, pelo que a decisão de sexta-feira de dispensar o passo intermédio foi uma surpresa.

Os dados económicos positivos da economia foram uma das justificações para a agência tirar Portugal do 'lixo', antecipando a economia a crescer 2% em média até 2020, um défice de 1,5% este ano e menos riscos no acesso ao financiamento.

A agência destacou também o foco do Governo em "fortalecer o sistema bancário português e a consolidação orçamental", recordando que o executivo socialista "cumpriu o seu objetivo orçamental ambicioso" de 2016 e "parece que o vai fazer novamente este ano, apoiado pela aceleração do crescimento económico e incluindo o impacto positivo do mercado de trabalho no balanço da Segurança Social".

Contudo, a agência não deixou de apontar problemas à economia, às finanças públicas e à banca, admitindo que poderá voltar a colocar Portugal no lixo caso as condições do país piore, nomeadamente com um "enfraquecimento relevante no crescimento económico, devido a um desvio significativo da política económica ou caso não se verifiquem reformas estruturais que potenciem o crescimento".

Também "um desvio considerável e negativo na consolidação orçamental e a adoção de medidas que possam dificultar o acesso de Portugal aos mercados financeiros" podem prejudicar o 'rating' português, avisou.

IM (SP) // MSF

Lusa/fim

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