Trabalhadores do Banco de Brasil querem melhorar condições de saída
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 14 set (Lusa) -- Os trabalhadores que o Banco de Brasil quer despedir em Portugal ainda estão a tentar a chegar a acordo com a entidade sobre as condições de saída, mais favoráveis do que num processo de despedimento, segundo sindicatos do setor.
O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB), Paulo Marcos, considerou à Lusa que este processo de despedimento é "desproporcionado" e que deveria ser revertido, mas admitiu que tal não aconteça, pelo que defendeu que o banco deve abrir "um processo [de rescisões por mútuo acordo] e com cuidado pelos casos sociais", de forma a proteger casais ali empregados ou pessoas com doenças graves.
Na próxima segunda-feira, disse, haverá uma reunião para tentativa de conciliação entre empresa e trabalhadores.
Por seu lado, o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (afeto à UGT), Rui Riso, afirmou que há "oito ou nove pessoas que aceitaram" já as condições de saída, que disse serem acima do que a lei prevê quando há extinção de posto de trabalho, enquanto "outras oito ou nove estão a tentar melhorar as condições".
O Banco do Brasil, que pertence maioritariamente ao Estado brasileiro, vai fechar a sua atividade de retalho em Portugal, pelo que quer reduzir em 16 trabalhadores afetos a essa área através de despedimento coletivo por extinção de posto de trabalho.
Esta redução de atividade implica o fecho das duas agências que o Banco do Brasil ainda detém em Portugal, no Porto e em Lisboa, estando esses clientes a ser transferidos para o Banco CTT, caso o aceitem.
Com o fecho da atividade do retalho, o Banco do Brasil continuará em Portugal com 56 trabalhadores afetos às áreas de empresas, suporte a outras filiais do banco na Europa e 'private bank' (para clientes mais dinheiro no banco).
O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários tem sido muito crítico com este processo, considerando que acontece com um banco "que apresenta lucros em Portugal" e quando há "um aumento do fluxo de turistas e dos residentes brasileiros", sobretudo de classes mais elevadas, em Portugal.
"O banco alega na fundamentação [para os despedimentos] que perde dinheiro no retalho, mas temos dúvidas sobre isso, parece que estão a imputar ao retalho custos dos administradores", disse Paulo Marcos à Lusa, criticando que haja redução de trabalhadores mas que se mantenham o mesmo número de administradores, ficando a entidade em Portugal com "um rácio de um administrador para pouco mais de 10 trabalhadores".
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