Porto, 12 dez (Lusa) -- Os presidentes das câmaras do Porto, Gaia e Matosinhos assinaram hoje a carta de Compromisso dos Municípios da Frente Atlântica, um documento que pretende afirmar-se como "uma ferramenta transmunicipal para implementar uma estratégia de políticas territoriais, em áreas fundamentais".

"Estamos a formar uma liga de cidades", afirmou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acrescentando que "há uma sinergia óbvia entre estes municípios", bem como "também a necessidade, até para benefício dos cidadãos", dos três concelhos não duplicarem "esforços, em concorrência, o que surgiu no passado".

Esta carta tem por objetivo "aproveitar sinergias, ganhar escala, partilhar conhecimento e desenvolver projetos que, respeitando a diversidade, promovam o melhor aproveitamento dos recursos públicos próprios dos três municípios, mas também dos fundos de apoio ao desenvolvimento regional e à coesão que venham a ser disponibilizados no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio", anunciou Rui Moreira, em conferência de imprensa.

"Se há instrumentos em Gaia que servem o Porto e Matosinhos, não faz sentido que o Porto e Matosinhos os tentem replicar, se Matosinhos tem equipamentos, não faz sentido que Gaia e o Porto os tentem replicar. Portanto, esta é também a lógica que preside à locação dos recursos públicos, que são escassos e vão ser escassos nos próximos tempos", sublinhou o autarca independente.

Os três presidentes de câmara admitem vir a formar uma Associação dos Municípios da Frente Atlântica do Porto, "entendida como modelo institucional adequado".

Questionado sobre o início de uma nova relação entre os três municípios, o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, respondeu: "excelente".

"O que passou, passou. O importante é que, não só do ponto de vista das relações pessoais como das relações institucionais, o nosso desejo é aproximar o que há de comum entre as três cidades, porque há muito a ganhar se conseguirmos convergir em políticas que sejam idênticas para os três municípios. Não precisamos de um modelo institucional diferente para que o Porto, Gaia e Matosinhos trabalhem em conjunto", destacou Guilherme Pinto, eleito como independente nas autárquicas de 29 de setembro.

Rui Moreira considerou que este compromisso, hoje assumido, significa o fim de barreiras que separavam os três concelhos.

O presidente da Câmara do Porto explicou que agora vai ser criado um grupo de trabalho que, durante os próximos quatro meses, irá "criar sinergias", bem como "identificar problemas e preocupações conjuntas".

A ideia é "também naturalmente ganhar força na negociação que seja preciso fazer para obter o maior número de fundos disponíveis em áreas" que os três autarcas consideram "mais relevantes", salientou Moreira.

"Estamos preocupados com aquilo que podemos promover em conjunto para promover a economia da frente atlântica, o turismo e o lazer, e isso implica da nossa parte um esforço para perceber o que podemos potenciar em conjunto, nomeadamente a rede de equipamentos, que a partir de agora podem ser encarados de uma forma conjunta", sustentou Guilherme Pinto.

O autarca de Matosinhos, eleito como independente nas eleições de 29 de setembro, identificou desde logo o turismo como uma área em que os três municípios podem fazer "uma promoção conjunta", destacando a sua frente atlântica.

Segundo Guilherme Pinto, é preciso "alterar radicalmente a forma como toda esta frente atlântica [com mais de 30 quilómetros de extensão] é promovida no território nacional".

O autarca de Matosinhos adiantou ainda que a ideia é também envolver a população na discussão de estratégias a delinear.

Promoção económica da frente atlântica, áreas de candidatura na formação e emprego, defesa de ativos e infraestruturas económicas e regionais, promoção de políticas de turismo, lazer e animação, convergência nas áreas sociais, articulação das questões de mobilidade e infraestruturas são "objetivos de interesse comum" já identificados.

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