Especialistas em património cultural criticam falta de atenção dos governos ao setor

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 07 jul (Lusa) -- Um colóquio organizado pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda hoje, no parlamento, reuniu personalidades ligadas ao património, que criticaram diversas políticas na área cultural, que dizem nunca ter recebido a devida atenção dos sucessivos governos.

"Em 40 anos de democracia, a cultura nunca foi uma prioridade ou um desígnio político", afirmou o arqueólogo António Carlos Silva, que fez parte da Comissão Instaladora do Instituto Português de Arqueologia, extinto em 2007.

Luís Raposo, ex-diretor do Museu Nacional de Arqueologia e atual presidente do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), no encerramento do debate afirmou: "Todas as palavras que eram necessárias para salvar o Património Cultural foram aqui ditas, agora é preciso salvá-lo".

Ao longo da tarde vários especialistas apontaram opções erradas no domínio cultural, defendeu-se a necessidade de uma "tutela forte e especializada" para a arqueologia, criticou-se a política urbanística, que "está a descontextualizar culturalmente as comunidades", e a falta de investimento do Estado no Património Cultural, com muitos monumentos a funcionarem graças à "benevolência das autarquias", uns encerrados, e outros que, devidamente reabilitados, estão fechados.

Entre os edifícios classificados que estão reabilitados, mas fechados, o arqueólogo António Carlos Silva referiu, entre outros, o mosteiro de Santa Maria de Salzedas, a capela de S. Pedro de Balsemão, ambos na região de Lamego, no Alto Douro.

Maria Ramalho, presidente do conselho de administração da Comissão Nacional Portuguesa do ICOMOS, foi particularmente crítica da criação das Áreas de Reabilitação Urbana (ARU), que "passam por cima dos planos de pormenores", e que, em Lisboa, é toda a área da cidade.

A especialista criticou o turismo de massas e as reabilitações que "são uma coisa nas palavras e outra na prática", e alertou para a necessidade de legislar a defesa dos espaços interiores.

"Quando um edifício é encerrado, começa logo o roubo de azulejos", disse para referir que Lisboa e Porto são as zonas mais afetadas, cidades onde apontou vários exemplos de desrespeito das regras.

Maria Ramalho referiu vários atentados ao património em Lisboa e Porto. Na capital, entre outros exemplos, referiu o Palácio da Anunciada, na rua das portas de santo Antão, que "tinha uma riqueza decorativa assinalável", e "a Baixa pombalina [que] está a saque".

No Porto, entre outros, citou o Palácio no largo do Moinho de Vento e referiu "ao atentado" que foi a remodelação da mercearia Casa Oriental, no Bolhão, transformada "numa patética loja" com réplicas em plástico de bacalhaus.

A investigadora citou também, como um mau exemplo, o Convento das Bernardas, em Tavira, que foi remodelado pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura, que aliás foi particularmente criticado Maria Ramalho, que o considerou "sem capacidade para intervir em património, e como ele próprio afirma, gosta é de jogar com as pedras".

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