Porto, 10 dez (Lusa) -- O vereador da Habitação da Câmara do Porto, Manuel Pizarro, revelou hoje que a autarquia vai reabilitar em 2014 "mais de 600 fogos" de bairros sociais, assegurando um investimento de mais de 12 milhões na habitação.

O socialista concretizava assim a prioridade dada à "recuperação e reabilitação de habitações" escolhida pela autarquia para 2014, em detrimento da "grande requalificação dos bairros", justificada pelo presidente Rui Moreira com as imposições do Estado, nomeadamente os cortes na transferência de verbas para as Câmaras.

"Este é um orçamento de transição e a questão fundamental é a diminuição sucessiva das verbas do Estado", vincou Rui Moreira no fim da reunião do executivo, criticando os "constrangimentos" impostos pelo Governo, que deixaram a Câmara do Porto numa "camisa de forças por causa de autarquias desreguladas".

Moreira esclareceu ainda que, quando tomou posse a 20 de outubro, "já tinham sido, legitimamente, tomadas opções relativamente ao investimento, nomeadamente na avenida da Boavista".

"Nós, coligação, defendíamos o investimento noutras zonas da cidade. Mas não vamos rasgar compromissos legitimamente assumidos pelo anterior executivo para depois não aparecerem VL 9", como em Gaia, afirmou.

Ao seu lado, o socialista Manuel Pizarro esclareceu aos jornalistas que a autarquia vai "manter a linha da grande requalificação" e "intensificar muito a recuperação e reabilitação de habitações", apontando para 2014 a "reabilitação de mais de 600 fogos", o equivalente a "5% das casas dos bairros".

"Esse é um investimento reprodutivo, porque a reabilitação cria muito emprego e diz muito às pessoas", subscreveu Rui Moreira.

Através do vereador Amorim Pereira, o PSD criticou um documento "demasiado colado à gestão do passado e sem sinais de inversão" onde está presente "a ideologia com tiques de autoritarismo do PS, apontando o dedo ao Governo".

Ricardo Almeida falou mesmo na "contaminação do polvo socialista", devido à escolha de "um boy do PS para presidente do Conselho de Administração da empresa municipal Porto Lazer".

Amorim Pereira explicou que os vereadores social-democratas propuseram "a extinção da Porto Lazer", de que Ricardo Almeida foi responsável antes de transitar para a Gaianima, empresa municipal de Gaia, bem como a "fusão" das outras duas empresas municipais do Porto, a Domus Social e a Gestão de Obras Públicas.

Na reunião de hoje, os social-democratas propuseram a "isenção da derrama para empresas com um volume de negócios inferior a 150 mil euros" que a maioria não aprovou "por alguma perrice", informou Amorim Pereira.

Pedro Carvalho, da CDU, destacou a "redução de 2,8 milhões de euros na grande requalificação dos bairros" no orçamento de 2014, relativamente a 2013, vincando que tal vai levar ao adiamento de obras programadas em vários bairros, como o de Aldoar, Contumil, Santa Luzia ou Lagarteiro.

O orçamento da Câmara do Porto para 2014, com uma verba total 184,5 milhões de euros, corresponde a uma subida de 3,4%, prevê mais de 12 milhões de euros para a habitação, um aumento de 10% no valor destinado à Cultura e muitas obras na zona oriental do Porto, nomeadamente Campanhã, revelou a autarquia numa nota de imprensa divulgada na terça-feira.

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