Protestos no Brasil em Junho colocaram Mundial "tecnicamente" em risco -- FIFA
Porto Canal
O secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, admitiu na quinta-feira que uma eventual suspensão da Copa das Confederações, disputada em junho durante a vaga de protestos sociais que tomou o país, colocava "tecnicamente" em risco a realização do Mundial de 2014.
"Tecnicamente falando, se a Copa das Confederações não fosse organizada até ao fim, poderia não haver Mundial no Brasil em 2014", disse Valcke, numa entrevista ao canal desportivo de televisão ESPN.
A Copa das Confederações foi disputada durante as manifestações populares, muitas delas violentas, que se intensificaram uma semana antes do torneio, inicialmente por descontentamento com o aumento dos preços dos transportes públicos em São Paulo e, depois, por outras reivindicações sociais noutras cidades.
Com a visibilidade internacional por causa do torneio, conquistado pelo anfitrião Brasil numa final com a Espanha, e com as manifestações junto dos estádios em quase todos os jogos, tanto o Governo brasileiro, como a Federação Internacional, temeram pela segurança, reconheceu Valcke.
"Na noite de 20 de junho, as coisas atingiram o auge. Lembro-me de estar frente à televisão e de estar sempre em contacto com Luis Fernandes (vice-ministro do Desporto) e com o pessoal de segurança até às quatro da manhã", contou Valcke.
O secretário-geral da FIFA, lembrou que na manhã de 21 de junho foi realizada uma reunião de crise para abordar a situação no Brasil.
Na reunião entre a FIFA, o Governo e o Comité Organizador, "tomou-se uma decisão com todas as instituições de segurança para decidir: 'não (suspender a Copa das Confederações), nós vamos organizar o torneio até ao final", adiantou Valcke.
"Seria a pior coisa se tivéssemos que tomar a decisão de adiar a Copa das Confederações da FIFA. Seria o pior para o Brasil, não só para a FIFA", disse.
O sorteio dos grupos do Mundial de futebol de 2014 está agendado para hoje na Costa do Sauípe, no estado da Bahia.