Presidente dos Vinhos Verdes garante cumprir a lei no Alvarinho e não se demite
Porto Canal com Lusa
Redação, 24 mai (Lusa) - O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) garantiu hoje o "cumprimento integral da lei" na rotulagem do vinho Alvarinho e rejeitou a demissão do cargo pedida pelo presidente da Câmara de Melgaço.
"Não há motivo nenhum para me demitir. O senhor presidente da Câmara de Melgaço não vota nem é chamado a decidir quem preside à Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes. Se conseguir ser reeleito para a Câmara de Melgaço já será uma sorte", afirmou hoje à Lusa Manuel Pinheiro.
O presidente da Câmara de Melgaço exigiu hoje a demissão do presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) na sequência do que classificou de "violação" da legislação que regulamenta o alargamento da produção de Alvarinho.
O autarca socialista Manoel Batista disse que "grandes empresas de fora da sub-região Monção e Melgaço já estão a rotular vinho Alvarinho verde", considerando tratar-se de "uma clara violação do espírito do acordo".
"Se há rotulagem que foi emitida pela região dos vinhos verdes, o seu presidente não tem condições para continuar no exercício do cargo e deve demitir-se", frisou hoje à Lusa o socialista Manoel Batista.
Na reação, Manuel Pinheiro afirmou que o autarca socialista "desconhece as regras aplicáveis ao vinho e que os rótulos que menciona cumprem integralmente o previsto na lei".
"Convido o senhor presidente da Câmara de Melgaço a desloca-se à CVRVV para uma reunião, após as eleições autárquicas. Calculo as dificuldades que o senhor presidente da Câmara de Melgaço esteja a ter na sua candidatura autárquica mas é um problema que deve resolver em Melgaço", sustentou Manuel Pinheiro.
Em causa está o acordo alcançado a 13 de janeiro de 2015 pelo Grupo de Trabalho do Alvarinho (GTA), constituído pelo anterior Governo para negociar a denominação daquele vinho. O GTA foi liderado pela CVRVV, defensora do alargamento da produção daquele vinho aos 47 municípios que a integram.
Além da demissão daquele responsável, o autarca de Melgaço - município que juntamente com o concelho vizinho de Monção integra, desde 1908, a sub-região demarcada do Vinho Alvarinho - disse que "vai exigir ao Governo a revisão da legislação".
O acordo do vinho Alvarinho prevê a utilização pelos produtores de Monção e Melgaço de um "selo de garantia". Determina ainda um período transitório de seis anos durante o qual Monção e Melgaço, concelhos que juntos constituem a sub-região que até agora detinha a exclusividade de produção de Alvarinho, vão dispor de um montante de três milhões de euros para investir em promoção.
O acordo foi aceite pelo município de Monção, concelho com cerca de 900 hectares de terrenos dedicados exclusivamente à produção daquele vinho.
Já os produtores de Melgaço, acionistas da empresa "Quintas de Melgaço", cuja maioria do capital é detido pela autarquia local, contestam o acordo por considerarem que "prejudica" a sub-região.
Naquele concelho há cerca de 450 hectares ocupados pela produção de Alvarinho.
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