PCP diz que troca de dívida foi sucesso "apenas para os credores", maioria contesta posição comunista

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 04 dez (Lusa) - O PCP disse hoje que a operação de troca de dívida de terça-feira foi um sucesso "apenas para os credores", com o PSD a sublinhar na resposta que a operação "abre caminho" a um regresso aos mercados para dívida a maturidades maiores.

"Realizou-se ontem [terça-feira] uma operação de troca de dívida pública apresentada pelo Governo como um grande sucesso. Um sucesso, sim, mas apenas para os credores, que veem aumentar a rendibilidade dos títulos por si detidos", declarou o deputado comunista Paulo Sá no parlamento, na intervenção inicial de um debate de atualidade sobre a dívida pública pedido pelo PCP.

Paulo Sá considerou ainda que a "encenação montada pelo Governo" nesta operação "tem apenas um objetivo, esconder dos portugueses que a dívida pública é insustentável e que não poderá ser paga com as políticas atuais".

Na resposta, o PSD, pelo deputado Nuno Reis, enalteceu a troca de dívida, relembrando que a mesma foi valorizada internacionalmente por "insuspeitos analistas e órgãos de referência" e "abre caminho" ao financiamento do país nos mercados a maturidades médias e longas.

"Que o PCP não esteja satisfeito com isto chega até a ser surpreendente. Ou talvez não", comentou o parlamentar social-democrata.

O PS, pelo deputado João Galamba, disse que a operação "piora em todas as dimensões" os juros da dívida portuguesa, devendo o país procurar uma solução "abrangente" em conjunto com os seus parceiros europeus sobre esta matéria.

"O juro é superior à taxa 'Machete' [referência ao ministro dos Negócios Estrangeiros], de 4,5%, é superior à taxa da 'troika', é superior ao 'stock' de dívida pública que temos hoje. Perante estes números é difícil não concluir que isto agrava e não melhora a sustentabilidade da dívida pública", alertou o socialista.

Mariana Mortágua, deputada do BE, definiu a operação como um "mau negócio" para o país, com o deputado do partido "Os Verdes" José Luís Ferreira a reclamar que a "única forma de pagar a dívida é proceder à sua renegociação".

Já João Almeida, pelo CDS-PP, voltou-se para os comunistas e deu o exemplo da autarquia do Seixal, gerida pelos comunistas, e o pagamento a fornecedores que exigiu um financiamento municipal de 40 milhões de euros com a banca.

"Foi pagar juros e dar lucros à banca daquilo que não foi capaz de cumprir nas suas obrigações, ou seja, aquele que é o chamado privilégio que supostamente outros governos atribuem à banca não é maior nem menor que o privilégio que a Câmara Municipal do Seixal, governada pelo PCP, atribui à banca", disse João Almeida.

Na operação conduzida na terça-feira, a Agência para a Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP recomprou 837 milhões de euros da linha de obrigações que vencia em junho do próximo ano e 1,64 mil milhões de euros da dívida que vencia em outubro do próximo ano, num total de cerca de 2,5 mil milhões de euros.

Da linha de obrigações que vencia em outubro de 2015, foram recomprados 4,16 mil milhões de euros.

Em troca, o Governo colocou 2,68 mil milhões de euros na linha de obrigações que vence em outubro de 2017, e mais 3,97 mil milhões de euros na linha que vence em junho de 2018.

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