Relação entre UE e Turquia "muito afetada" pela situação em Ancara
Porto Canal com Lusa
Berlim, 27 abr (Lusa) - A relação entre a União Europeia e Ancara foi "muito afetada" pela evolução política recente na Turquia, afirmou hoje a chanceler alemã, Angela Merkel, um dia depois de detenções massivas no país euro-asiático.
"A relação turco-alemã, mas também a relação entre a Europa e a Turquia, foram muito afetadas pelos desenvolvimentos das últimas semanas", declarou a chanceler, numa referência à aprovação em referendo de uma reforma constitucional que reforça os poderes do Presidente turco e às recentes detenções.
Merkel sublinhou, no entanto, a importância de regressar a um "diálogo construtivo" com Ancara, defendendo que um distanciamento definitivo da Europa por parte da Turquia não é do interesse de nenhuma das partes.
Num discurso perante o Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, a chanceler apelou à "inteligência" e à "lucidez" e sublinhou que a União Europeia debaterá "que consequências precisas" considera "oportunas" na relação com a Turquia.
O Governo alemão, afirmou, apostará numa atuação comum das instituições europeias.
Merkel manifestou grande preocupação pelos relatórios que põem em dúvida a igualdade de condições entre os partidários e os opositores da reforma constitucional e exigiu à Turquia que esclareça essas dúvidas.
"Observaremos de muito perto o comportamento da Turquia durante o esclarecimento de possíveis irregularidades", assim como no que respeita à "implementação em concreto da reforma constitucional" e na sua cooperação com o Conselho da Europa.
O principal partido da oposição na Turquia anunciou na quarta-feira que vai contestar no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos o resultado do referendo turco de 16 de abril, que alarga os poderes do Presidente, Recep Tayyip Erdogan.
Na votação de 16 de abril, que aumenta os poderes de Erdogan e faz com que a Turquia passe a um sistema político presidencialista, o "sim" ganhou com escassa margem sobre o "não".
No dia seguinte ao referendo, os observadores internacionais concluíram que o processo não pode ser considerado como verdadeiramente democrático, entre outros motivos porque as duas partes não tiveram oportunidades iguais e porque existiram limitações às liberdades fundamentais.
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