Assunção Esteves regressa ao parlamento para inaugurar retrato e pedir "soluções criativas" à política

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 19 abr (Lusa) - A ex-presidente da Assembleia da República Assunção Esteves fez hoje o elogio da política, à qual pediu "soluções criativas", no discurso de inauguração do seu retrato na galeria dos presidentes do parlamento português.

"Não é fácil, mas o discurso político está cheio de diagnósticos e nós precisamos de fazer um esforço, que não é apenas um esforço de vontade, mas também um esforço de imaginação. É preciso criar soluções criativas", desafiou Assunção Esteves.

A cerimónia de inauguração do retrato da primeira mulher presidente da Assembleia da República ficou marcada pelo sublinhado agradecimento de Assunção Esteves ao presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, pela oportunidade que lhe concedeu e pela forma como respeitou as suas funções, exercidas durante o período do programa de ajustamento financeiro.

"Essa oportunidade deu-ma, guardo em relação a ela uma enorme gratidão, e guardo em relação ao doutor Passos Coelho não só uma enorme gratidão, guardo-lhe uma enorme admiração pelo modo como ao longo de todo o meu mandato respeitou ilimitadamente o exercício livre da minha função", afirmou Assunção Esteves.

"O respeito pelo exercício livre do meu mandato por parte do então primeiro-ministro foi tão grande que, em circunstâncias não fáceis, a mim mesma me espantou, e nessas circunstâncias, de certo modo, só eu posso ser a testemunha", frisou.

Assunção Esteves foi eleita em junho de 2011 presidente do parlamento, depois de falhada a eleição de Fernando Nobre, que não reuniu o número suficiente de votos dos deputados, que votam o presidente em votação secreta, em urna.

Passos Coelho esteve presente na cerimónia de inauguração do retrato, assim como a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, o antigo presidente da Assembleia da República Jaime Gama, deputados de vários partidos, e ex-deputados do PSD como Guilherme Silva e Paulo Mota Pinto.

O retrato da autoria da artista plástica Isabel Guerra mostra Assunção Cristas a sorrir em pose e traje informais.

O atual presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, sublinhou o pioneirismo de Assunção Esteves: "Foi a primeira mulher a presidir à Assembleia da República e só por esse facto já teria lugar próprio na história parlamentar portuguesa".

"A sua eleição foi mais um exemplo inspirador para a causa da igualdade e para todas as mulheres que aspiram legitimamente uma participação ativa na vida política do país", declarou Ferro Rodrigues, citando o discurso de posse de Assunção Esteves, que dedicou o seu mandato "às mulheres anónimas e oprimidas" e prometeu fazer "de cada dia um esforço para a redenção histórica da sua circunstância".

Ferro Rodrigues sublinhou que Assunção Esteves "não se destacou pelas polémicas ou pelo confronto, mas pela profundidade do pensamento e pela qualidade da ação".

A Assembleia da República lançou hoje um livro que sintetiza os discursos de Assunção Esteves, no parlamento e em diversas iniciativas internacionais, designado "Estar no Mundo, Discursos da Presidente da Assembleia da República", no qual a própria afirmou ter querido deixar "a ideia de política como amor do mundo".

Num registo que assumiu de intimista, a ex-presidente do parlamento português, que foi também juíza do Tribunal Constitucional, deputada e eurodeputada, revelou que ser parlamentar foi a função que mais a preencheu.

"O parlamento é a minha paixão", resumiu, numa intervenção plena de elogios à atividade política.

"A política permite a cada ser humano reproduzir as suas inquietações individuais no espaço de muitos. É esse poder multiplicador que lhe dá uma dimensão quase transcendente. Através da política, nós superamos a nossa efemeridade", sustentou.

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