Coimbra, 17 mar (Lusa) - A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra recebe em dezembro um colóquio sobre António Variações, um "caso de estudo na música popular", pelo cunho fulgurante do seu impacto e pelo rasto que deixou.

O colóquio "Variações sobre António", que decorre a 07 e 08 de dezembro, conta também com uma programação complementar com concertos de músicos e bandas de Coimbra que foram desafiadas a reinventar a música de António Variações e foi produzida uma chamada para performances, subordinada ao tema "Variações performáticas sobre António", explica a comissão organizadora em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

"Falar de António Variações é falar sempre de muito mais do que apenas das suas canções, já que não custa ler na sua obra e na forma como performatiza a sua identidade (pessoal e coletiva) algo que nos ajuda a ler Portugal na segunda metade do século XX, da música e da poesia à cultura, à sociedade ao estado do 'corpo político'", salienta a organização do colóquio, que resulta de uma proposta do programa de doutoramento em Materialidades da Literatura e da área de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras.

Face às diferentes leituras que se podem retirar da obra do autor de "É p´ra Amanhã", o colóquio é pensado para diferentes áreas disciplinares, como a musicologia, estudos literários, estudos culturais, ciências sociais, média e comunicação ou história contemporânea.

Com apenas dois álbuns editados em 1983 e 1984, António Variações "tornou-se um caso de estudo na música popular portuguesa, quer pelo cunho fulgurante do seu impacto, quer pelo rasto duradouro que deixou", nota a organização.

A música, as letras, a imagem e os videoclips têm contribuído para que a presença do músico "não se tenha desvanecido, continuando, pelo contrário, a alimentar a imaginação do público", sublinha.

A organização realça ainda a componente literária associada à obra de Variações, seja nas canções escritas pelo próprio músico ou na reinvenção literária que o leva a musicar Fernando Pessoa.

A comissão científica do colóquio é constituída, entre outros, pela cantora brasileira Adriana Calcanhotto, o diretor do Teatro Académico Gil Vicente, Fernando Matos de Oliveira, o docente Manuel Portela e a coordenadora do projeto Mural Sonoro, Soraia Simões.

O colóquio conta com o apoio do Centro de Literatura Portuguesa, do Teatro Académico de Gil Vicente, do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX e do Jazz ao Centro Clube.

No evento, são entidades parceiras o projeto "Keep It Simple, Make It Fast", coordenado por Paula Guerra, o Núcleo de Estudos em Género e Música, coordenado por Paula Gomes-Ribeiro, e o Projeto Mural Sonoro, coordenado por Soraia Simões.

António Variações nasceu em 1944 numa pequena aldeia do distrito de Braga, tendo passado por Lisboa, Angola (onde cumpriu serviço militar), Amesterdão e Londres.

Um ano depois da estreia em 1982 com o single "Povo que lavas no rio/Estou além", lançou o seu primeiro LP, "Anjo da Guarda", e, em 1984, lançaria o seu segundo e último álbum "Dar & Receber".

Variações viria a falecer em junho desse ano.

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