Surfistas que chocaram na mesma onda decidem caso em tribunal

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Porto Canal / Agências

Viana do Castelo, 19 nov (Lusa) -- O tribunal de Viana do Castelo está a julgar um caso em que dois surfistas daquele concelho são acusados do crime de ofensas à integridade física, mútuas, por terem chocado no mar ao disputar a mesma onda.

Os factos, segundo a acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), consultada hoje pela agência Lusa, remontam à tarde do dia 24 de novembro de 2012, na Praia do Cabedelo, na margem esquerda da cidade de Viana do Castelo, quando ambos estavam na água, numa zona bastante procurada para a prática de surf.

O caso envolve o atual presidente da Surf Clube de Viana, João Zamith, de 38 anos, um dos mais conhecidos surfistas e dirigentes associativos desportivos na região. Do outro lado está Ricardo Forte, de 37 anos, igualmente um dos mais experientes surfistas do concelho e empresário local.

Diz a acusação, após queixas apresentadas por ambos, que estes "decidiram apanhar uma onda numa zona muito próxima" e "em sequência diferenciada". Quando Ricardo Forte "deslizava na sua prancha na crista de uma onda" surgiu João Zamith "em sentido contrário, preparando-se para apanhar a referida onda".

"Nesse momento, cada um deles assentou em manter o rumo, sem se desviar, pelo que embateram com as respetivas pranchas um contra o outro", lê-se ainda na acusação.

O choque acabou por provocar ferimentos diversos nos dois surfistas, que necessitaram de receber assistência médica, e danos avaliados em 70 euros numa das pranchas. Em terra, ambos envolveram-se ainda numa troca de acusações, com ameaças de parte a parte.

O surfista João Zamith responde em tribunal por um crime de ofensa à integridade física simples e outro de dano, provocado na prancha do colega Ricardo Forte, que, por sua vez, está acusado pelo MP do mesmo crime de ofensa à integridade física simples.

Hoje, na segunda sessão do julgamento, o tribunal ouviu várias testemunhas, nomeadamente outros surfistas, em que nenhum disse ter presenciado os factos, apelidados na gíria da modalidade de "drop in", ou "interferência" - de outro surfista - durante o momento em que a onda está a ser surfada.

Uma das testemunhas, ex-presidente da Federação Portuguesa de Surf, recordou que "ninguém rouba ondas" porque as "ondas são de todos", mas admitiu que os dois tinham "experiência suficiente" para evitar o choque.

Guilherme Bastos acrescentou que em dez anos de federação só se recorda de outros dois casos semelhantes, fora de competição, numa outra praia de Viana do Castelo e em Aveiro. Em competição, disse ainda, é "frequente" a ocorrência destas "interferências" durante a prática de surf, cabendo depois a decisão sobre eventuais infrações a um júri constituído por quatro pessoas.

"Agora imagine a minha posição, que sou só uma a decidir", ironizou a juíza, que, durante a sessão de hoje, criticou o facto de ambos os surfistas não se terem entendido fora do tribunal.

O caso tem ainda uma terceira sessão de julgamento agendada para o mês de dezembro.

PYJ // NFO

Lusa/fim

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