Centro Dramático de Évora critica "reduzido apoio" do Ministério da Cultura

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Porto Canal com Lusa

Évora, 19 jan (Lusa) -- O diretor do Centro Dramático de Évora (Cendrev), José Russo, criticou hoje o "reduzido apoio" financeiro do Ministério da Cultura à produção artística, considerando "urgente" que o Governo corrija "esta injustiça".

José Russo explicou à agência Lusa que 2016 "foi um ano de imensas dificuldades" para o Cendrev, devido ao "reduzido apoio" financeiro por parte do Ministério da Cultura, que, "desde logo, é a parte fundamental do financiamento para a produção artística".

E, este ano, continuou, "os valores vão manter-se iguais", porque o Governo "disse que quer ponderar, refletir e alterar" aspetos relacionados com "os quadros de financiamento e os regulamentos, mas já anunciou que vai refazer, nos mesmos valores, os protocolos que tem com as companhias" teatrais.

"Não faz qualquer sentido que não haja, no mínimo, um sinal do Governo para que 2017 já não seja igual a 2016, 2015, 2014, 2013, 2012. Como tem havido noutros setores de atividade, também a Cultura precisa de um sinal nesse sentido", reivindicou.

Elogiando a subida do salário mínimo nacional, que "estava numa miséria completa", o diretor do Cendrev reclamou que, tal como foi feito nessa área, também na Cultura "é urgente corrigir esta injustiça", senão os trabalhadores "vão continuar a passar as 'passinhas do Algarve'".

Em declarações à Lusa a propósito do balanço do trabalho da companhia em 2016, José Russo referiu que o Cendrev realizou 137 sessões teatrais, com um total de 9.659 espetadores, mas, "num quadro normal", sem dificuldades financeiras, teria "feito mais espetáculos".

E os que foram realizados, destacou, apenas foram possíveis porque a companhia recorreu "a soluções muito baratas, ou seja, sessões que implicam dois atores", com "um grau de precariedade elevadíssimo".

"O problema é que os atores trabalham dois meses com um espetáculo, depois vão-se embora para o desemprego, vêm outros e trabalham dois ou três meses e, a seguir, vão-se embora para o desemprego. É isso que tem estado a acontecer", alertou.

José Russo afirmou ainda que outras das produções teatrais só foram possíveis graças à parceria com outros grupos. É o caso da peça "Embarcação do Inferno", baseada no "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, e que é o mais recente espetáculo do Cendrev, coproduzido com A Escola da Noite, de Coimbra.

"Para fazermos a 'Embarcação do Inferno' tivemos que nos juntar com outra companhia e é um esforço imenso para conseguirmos fazer isto com o financiamento que temos", argumentou, desabafando: "Neste tempo de democracia em Portugal, nunca vivemos tão mal como temos vivido agora".

Segundo José Russo, já tem sido "muito reclamada e anunciada" a necessidade de um aumento do financiamento para a área da Cultura. Com a atual "nova vaga de governação", existe ainda "alguma esperança" de que "algumas coisas sejam revertidas", mas "esse processo está a tardar muito" e "já deveria haver, pelo menos, algum sinal em relação a 2017", insistiu.

RRL // MLM

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