Duas décadas de confronto na RD Congo fizeram quatro milhões de órfãos
Porto Canal com Lusa
Goma, RD Congo, 28 nov (Lusa) -- Mais de quatro milhões de crianças perderam pelo menos um dos pais na República Democrática do Congo nas últimas duas décadas, vítimas de um ciclo continuado de violência, escreve hoje a agência Associated Press (AP).
Mais de 26 milhões de órfãos vivem no África Ocidental e Central, onde a República Democrática do Congo está situada -- o segundo maior número no mundo, a seguir ao Sul da Ásia, de acordo com as Nações Unidas.
Essas crianças cresceram no seio de confrontos alimentados por conflitos étnicos e pela luta por recursos minerais valiosos.
A destruição da família significa que alguns órfãos são forçados a cuidar de si próprios e dos seus irmãos mais novos. Alguns são vulneráveis ao recrutamento por grupos armados. E muitos também enfrentam a exploração sexual, num país onde a violação se tornou comum nas ruas.
"São os órfãos com uma história de violência desde 1994 - é uma geração de vítimas que continua", disse Francisca Ichimpaye, monitor sénior do centro En Avant Les Enfants INUKA. E as crianças "perdem a sua história na violência", acrescentou.
O nordeste da República Democrática do Congo está mergulhado há anos numa luta entre numerosos grupos rebeldes, que espalham diariamente o terror entre a população local, apesar dos esforços para controlar a situação por parte do exército e das forças da missão das Nações Unidas (MONUSCO).
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