Legislativas 2015

"Paris"

Pedro Arroja - 29-09-2015 13:09:21

Em que Partido vou votar?

Antes de responder, um pouco de história. Votei em eleições legislativas apenas uma vez, logo nas primeiras, em 1976. Na idade louca dos 22 anos, o entusiasmo pela democracia partidária, que tinha sido restabelecida no país havia dois anos, era enorme. Na Faculdade onde estudava fervilhavam projectos partidários para refazer o país que, na minha opinião da altura, era um país muito mau, pobre e atrasado.

Votei no MDP/CDE, um satélite do PCP.

Esta experiência da juventude cimentou mais tarde em mim a convicção de que não se deve dar o direito de voto a garotos. São irresponsáveis. Ainda não governaram nada na vida, nem sequer uma família, e já andam a dar opinião sobre como se deve governar um País.

Passaram quase quatro décadas desde este episódio e nunca mais voltei a votar em eleições legislativas. A razão é que entretanto me tornei homem e assumi uma profissão que me impede de possuir uma postura partidária e de votar em Partidos.

Na realidade, há certas profissões que possuem uma vocação comunitária, profissões cujos membros estão lá para servir toda a comunidade - e não uma parte dela, como um partido, uma seita ou uma facção

Na nossa cultura portuguesa e católica, a primeira dessas profissões é, obviamente, a de padre. Cristo pregou uma mensagem comunitária, que as pessoas gostassem umas das outras e se unissem, que se tratassem como irmãos, como numa família. Ora, um Partido, como o próprio nome indica, visa partir a comunidade pondo uns contra outros.

Um padre que adira a um Partido, ou que mostre a mínima simpatia por um Partido em detrimento de outro, exprimindo-a, por exemplo, num voto, tem todo o direito de o fazer. Mas deixa de ser um verdadeiro padre.

Também o juiz deve ter a grandeza de espírito necessária para se elevar acima dos partidos, para não aderir a nenhum nem votar em qualquer um. A imparcialidade - que é um dos atributos essenciais de um juiz - fica comprometida quando ele é chamado a julgar um homem de um outro partido ou até do seu.

Claro que um juiz pode votar num partido ou até aderir a ele. Mas a partir daí deixa de ser um verdadeiro juiz.

O padre e o juiz são chamados, por vezes, as autoridades naturais de uma comunidade. Mas existem outras. Altas patentes das forças de segurança (generais, almirantes, etc.), médicos e professores devem abster-se de toda a implicação partidária ou sequer de mostrar qualquer simpatia por um partido em detrimento de outro.

O professor é um educador e a condição sine qua non do processo educativo é a confiança que o educando deposita no educador. Mas se eu pertencer a um Partido (por exemplo, o CDS) que confiança posso eu inspirar num estudante que se senta na sala de aula para aprender Economia comigo, e que é do Bloco de Esquerda?

Nenhuma.

A missão de um professor é procurar chegar à Verdade e transmiti-la aos seus estudantes. Ora, a Verdade é comunitária - é para todos, e não só para alguns - e encontra-se em comunidade. O homem de Partido é, por natureza, sectário, rejeita uma parte da realidade e é adversário dela. Não é possível chegar à Verdade quando se vê só com um olho, tapando o outro.

Eu vou passar o próximo fim-de-semana a Paris.

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