Legislativas 2015

“Mais vale cair em graça do que ser engraçado!”

Elizabeth Real de Oliveira - 18-09-2015 16:25:07

Numa semana prolífera de debates com ânimos exaltados e trocas de insultos dei comigo a ver o “Isso é tudo muito bonito, mas” dos humoristas Gato Fedorento, e fiquei na dúvida sobre qual o papel dos debates na campanha eleitoral, no esclarecimento dos cidadãos e na sua tomada de decisão.

Vejamos, dos dois debates a que assistimos entre os protagonistas dos partidos com maior representatividade, tanto na televisão como nas rádios, assistimos a um ping-pong de passagem de responsabilidades. Ora, de quem é responsável pela chamada da Troika ou dos mil milhões da segurança social, ou do programa VEM que aparentemente era desconhecido (até da maioria dos Portugueses) e que ficou sem resposta…

O cidadão comum desejoso de poder esclarecer as suas dúvidas e clarificar o seu sentido de voto fica no final do debate praticamente na mesma. Depois, ouvem-se na comunicação social os especialistas, tudo menos isentos apesar de o tentarem parecer, vaticinando vitórias e derrotas nos debates. Diz o eleitorado: mas o que eu queria saber mesmo é…. mas isso agora não interessa nada, respondem os “especialistas”. O que interessa mesmo é saber quem ganhou o debate.

Voltemos aos Gato Fedorento. O que fará políticos responsáveis pelas maiores decisões que afetam a vida dos comuns cidadãos participarem num programa de humor em jeito de entrevista. Surpreende-me a vontade que a nossa prole política manifesta em entreter os portugueses! Vi com espanto, à direita e à esquerda, políticos sorridentes respondendo a provocações claras armados de sorrisos amarelos e farpas irónicas. De algo que acrescente ao conhecimento nada…

Enfim, pelos vistos o que se tem pretendido é ser engraçado, pois deve existir uma perceção que os votos irão recair sobre quem melhor nos conseguir colocar um sorriso na cara seja com piadas, discursos pouco esclarecedores ou promessas fantasiosas.

Fica aqui o repto para que levem os Portugueses a sério e para que nas próximas duas semanas se consiga debater efetivamente questões importantes para o futuro. Questões que levantem o véu sobre o que fazer com o drama dos refugiados: quantos, como, quando e afinal o que significa integração; a reforma da segurança social e sua sustentabilidade e o crescimento da economia portuguesa. Com factos, com números, com autenticidade e sem demagogia, com um discurso esclarecedor onde se apresentem medidas e se percebam claramente as diferenças.

Pode ser que, até ao dia 4 de Outubro, alguém finalmente perceba o significado de cair em graça e deixe as piadas para quem as sabe fazer.

 

Elizabeth Real de Oliveira
Directora da Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa
Universidade Lusíada - Norte

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