Não é mentira que o setor tecnológico está cada vez mais presente na vida dos portugueses, transformando por completo o seu quotidiano. Se hoje em dia o digital faz parte de praticamente todas as áreas de negócios, a vertente económica e financeira não podia ser exceção.
As fintechs são o exemplo mais evidente dessa tendência, já que, consideradas como filhas do digital, alteraram todas as conceções de como os serviços monetários devem funcionar. Fazendo sucesso pelos quatro cantos do globo, estas empresas destacam-se pela inovação e, devido à sua importância no país, chegam mesmo a ser alvo de financiamento estrangeiro.
Se nos anos 50 foram criados os primeiros cartões de crédito e nos anos 60 as primeiras caixas multibanco, as fintechs assumem-se como o próximo passo para a democratização do acesso ao mundo financeiro. Contudo, apesar da sua popularização, ainda são muitos aqueles que não compreendem a sua verdadeira razão de ser e seus principais objetivos.
Para entender a origem das fintechs existe uma premissa básica da qual é necessário partir: estas empresas, na maioria das vezes startups, têm como principal missão oferecer aplicações financeiras por meio de tecnologia de ponta. Desta forma, podem reunir distintas variáveis económicas, como formas de pagamento alternativas.
As plataformas de ação destas empresas tendem a basear-se nos telemóveis ou computadores e distinguem-se pela sua facilidade de manuseamento. Destinadas tanto a organizações como a clientes individuais, habitualmente as fintechs têm preços e taxas mais acessíveis, assim como permitem que os seus utilizadores não passem por muita burocracia e agilizam todos os procedimentos por comparação aos sistemas financeiros mais tradicionais.
O universo das fintechs comprova uma clara difusão e, presentes em vários países por todos os continentes, estas empresas tecnológicas garantem a sua força junto das comunidades, independentemente dos seus antecedentes financeiros. De facto, os números não enganam e, de acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Finanso.se, estas empresas duplicaram em 2019 por comparação ao período homólogo do ano anterior, o que se reflete em cerca de 21 700 organizações financeiras deste domínio a nível mundial.
Entre os principais motivos que levaram ao crescimento das fintechs destacam-se os seus baixos custos, a sua versatilidade e, acima de tudo, o nível de personalização que conferem a todos os utilizadores. Além do mais, a ascensão deste setor também se encontra diretamente associada ao mundo do investimento. Efetivamente, a negociação tanto de investidores individuais como de retalho aumentou, fruto do apuramento da sua informação graças a plataformas de trading online. Portais como a IronFX, que permitem negociação de Forex, assim como de commodities ou índices, possuem uma secção de notícias com artigos e tutoriais e disponibilizam suporte ao cliente 24 horas por dia, 5 dias por semana. Como consequência, os utilizadores encontram-se cada vez mais informados acerca de produtos financeiros, facto que caminha de mãos dadas com a adesão destes investidores a empresas desta origem.
Com isso, vários mercados sentem-se atraídos por este setor, principalmente o norte-americano, que no princípio de 2020 detinha quase 9 mil empresas desta vertente financeira. Porém, a Europa também tem vindo a dar cartas e, pelo número crescente de fintechs no continente, estima-se que até 2025 este número cresça cerca de 11% a cada doze meses. Estes dados são também o reflexo do investimento que ronda os 53 mil milhões de euros dedicado às organizações fintech com origem europeia.
Espalhadas por todo o mundo, as fintechs podem dedicar-se a domínios mais específicos, como é o caso dos investimentos ou até dos seguros. Pela sua multiplicidade de vertentes, países como Portugal desde cedo investiram na ampliação deste setor e, atualmente, contam com algumas das empresas financeiras mais importantes do globo.
Se em 2017 foram criadas mais de 200 fintechs no país, hoje em dia o número é bem superior. Na verdade, estes dados tendem a aumentar porque alguns dos bancos portugueses viram nestas alternativas uma oportunidade de crescimento. Exemplo disso é o ActivoBank, um banco virtual criado pelo clássico banco Millennium. Este serviço funciona tanto online como fisicamente e, graças ao modelo em que foi concebido, chama cada vez mais aderentes pela falta de taxas mensais, simplicidade em criar conta e assistência totalmente virtual.
Porém, nem todas as fintechs têm esta origem. É o caso do Doutor Finanças, uma plataforma portuguesa que baseia a sua atividade em melhorar a performance financeira dos seus clientes através da poupança. Reunindo cada vez mais clientes, esta empresa foi destacada pelo Fintech Report 2018, um relatório de referência para o setor. Elaborado anualmente, o Fintech Report 2020 veio iluminar o caminho destas empresas ao comprovar o seu futuro promissor. Só nesse ano o investimento nas principais fintechs refletiu-se em 275 milhões de euros, principalmente para as empresas dedicadas aos seguros e às movimentações monetárias. Além do mais, o documento fez uma demarcação geográfica, na qual percebeu que mais de metade destas organizações se situam em Lisboa, seguindo-se o Porto e Braga.
Pelas potencialidades do país junto do mercado financeiro, o investimento estrangeiro viu nas fintechs nacionais uma conjuntura favorável para o seu desenvolvimento. Por isso, em 2020, empresas portuguesas como a GoParity dispararam com a quantidade de investimentos recebidos. O dinheiro empregue nesta empresa adveio de países como a França, a Itália e o Brasil, o que se refletiu no crescimento do número de investidores de quase 5 mil para 9 mil.
Por outro lado, empresas internacionais também se implementaram e abriram os seus escritórios em território nacional. É o caso da inglesa Revolut, que viu na cidade do Porto o local perfeito para construir um dos seus gabinetes, espaço que conta com um capital de cerca de 4 milhões de euros. Similarmente, a startup sueca Tink decidiu conquistar novos mercados europeus e, por isso, também se afixou no país.
Efetivamente, todas as áreas de atividade têm vindo a sentir a necessidade de se adaptar a um panorama tecnológico emergente. Por isso, a atratividade das fintechs também tem aumentado junto não só de organizações investidoras, mas essencialmente de clientes individuais, atraídos pela diversidade de plataformas e, principalmente, pela pouca complexidade dos serviços prestados.