OE2014: Orçamento para o próximo ano é "horrível" - Mário Soares
Porto Canal / Agências
Lisboa, 16 out (Lusa) - O antigo Presidente da República Mário Soares considerou hoje que o Orçamento do Estado para 2014 é "horrível", acusando o Governo de maioria PSD/CDS-PP de querer acabar com o Estado Social e com a Constituição.
Questionado sobre a proposta de OE para 2014 que o executivo liderado por Pedro Passos Coelho apresentou na terça-feira, Mário Soares disse ainda não ter lido o documento, mas adiantou que o que ouviu é "horrível".
"Ainda não li o Orçamento, mas tanto quanto eu ouvi é horrível", afirmou, em declarações aos jornalistas no final de um almoço na Associação 25 de Abril, numa iniciativa promovida pelo blogue "ânimo",integrada nas comemorações do 40.º aniversário da "Revolução dos Cravos".
Confessando-se "cada vez mais" preocupado, o antigo chefe de Estado acusou o Governo de querer "acabar com o Estado Social" e "acabar com Constituição".
Contudo, acrescentou, "mudar a Constituição é impossível", pois são necessários os votos de dois terços dos deputados na Assembleia da República.
Interrogado sobre o que deveria fazer o líder do PS para lutar contra as medidas propostas pelo Governo, Mário Soares remeteu a questão para António José Seguro.
Durante o almoço, além de recordar episódios relacionados com o 25 de Abril, Mário Soares falou ainda brevemente sobre a situação de "grande crise" em que está Portugal, reiterando as críticas ao Governo.
"Este Governo não só está a destruir completamente Portugal, vendendo tudo ao desbarato, como está a não cumprir a Constituição", disse, insistindo na necessidade de defender a democracia.
"Não basta falar, é preciso agir", frisou.
No final do almoço, o antigo chefe de Estado foi ainda inquirido sobre o livro que o antigo primeiro-ministro José Sócrates vai lançar na próxima semana sobre a tortura em democracia.
Interrogado se será o "regresso" de José Sócrates, Mário Soares disse apenas que o antigo primeiro-ministro "é hoje uma pessoa diferente do que era, porque fez durante dois anos um trabalho imenso no plano da filosofia e da política e ganhou muito com isso".
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