Costa carateriza como "cínica" tese de Assis de colocar PS à espera na oposição
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 06 nov (Lusa) - O secretário-geral do PS recusou hoje a tese do eurodeputado socialista Francisco Assis de manter o partido na oposição, caraterizando como "cínica" a ideia de aguardar pela "primeira escorregadela" do Governo PSD/CDS para abrir crise política.
António Costa assumiu esta posição em entrevista à SIC, depois de confrontado com a contestação feita pelo eurodeputado socialista Francisco Assis à formação de um Governo do PS, suportado pelo PCP e Bloco de Esquerda no parlamento.
O secretário-geral do PS começou por defender que a "esmagadora maioria" dos membros da Comissão Política socialista aprovou essa estratégia de entendimento à esquerda para a formação de um executivo alternativo ao da coligação PSD/CDS e salientou que "Francisco Assis representa-se a si próprio - e é muito".
"Tenho muita estima e consideração por Francisco Assis, o valor das ideias não se mede por ter muito ou pouco apoio [no partido], respeito inteiramente as questões que ele tem colocado, mas, pessoalmente, nunca poria em causa um acordo sem o conhecer. Discordo da ideia que ele tem que o PS, perante a atual situação em que não há uma maioria, deveria remeter-se simplesmente à oposição", apontou o líder socialista.
António Costa disse depois não pretender ser "desagradável", mas caraterizou como sendo "um bocado cínica" essa posição do ex-líder parlamentar do PS.
"É como estar à espera da primeira escorregadela do Governo [PSD/CDS] para provocar uma crise política. Ora, entendo que não é postura do PS perante a sociedade portuguesa estar à espera para provocar uma crise política. A posição responsável que o PS deve ter é a de encontrar soluções para os problemas do país e corresponder àquilo que é a vontade maioritária dos cidadãos nas últimas eleições: Uma vontade de mudança", contrapôs o líder socialista.
Durante a entrevista, à SIC, que durou cerca de 40 minutos, o secretário-geral do PS defendeu também a ideia de que o país assiste agora a "uma mudança de paradigma político-partidário".
"O grau de radicalização da direita portuguesa alterou profundamente as fronteiras tradicionais das divisões políticas, tornando urgente e imperioso assegurar-se um esforço de compromisso para mudanças - um esforço de compromisso que, porventura, no passado, nenhum dos partidos entendeu que era suficiente e necessário", sustentou.
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