Rui Moreira defende "ilhas" no Porto em vez de bairros na periferia

| Política
Porto Canal / Agências

Porto, 29 ago (Lusa) - O candidato independente à Câmara do Porto, Rui Moreira, quer criar um laboratório sobre "boas práticas de construção" com o objetivo de "seduzir" os proprietários de "ilhas" privadas a reabilitarem estes espaços, criticando a criação de bairros na periferia.

Numa visita ao Bairro Novo, na zona da Ramada Alta, o candidato independente apontou aquela que era conhecida antes por Ilha da Massa - por ter pertencido ao Banco Borges Irmão - como "um exemplo" de reabilitação para o Porto, afirmando que consigo esta cidade não terá "mais nenhum bairro na vertical que desloque as pessoas para a periferia".

"Aquilo que queremos fazer é instalar um observatório que é, ao mesmo tempo, um laboratório em que vamos aconselhar os proprietários sobre métodos construtivos, sobre boas práticas, como bons materiais mas baratos, ideias sobre eficiência energética, canalização, e aproveitamos a Academia do Porto que é fantástica quer em Engenharia, quer na Arquitetura", descreveu Rui Moreira.

Uma "ilha" é um tipo de habitação operária típica do Porto no século XIX constituída por edifícios unifamiliares, normalmente de um piso, ladeando um corredor com um acesso único à via pública.

O candidato reconheceu que a autarquia não pode intervir ao nível das propriedades privadas, mas defendeu que pode "aconselhar" e "seduzir" os proprietários para que estes deixem de ver "estes ativos [casas das ilhas] como "condenados", "problemáticos" ou "tóxicos" por, muitas vezes, terem rendas muito baixas.

"O que nós procuramos fazer é convencer os senhorios de que isto também é um bom negócio para eles porque eles, objetivamente, não querem que as ilhas sejam demolidas e que aquilo se transforme num terreno de ninguém. Reabilitar estas casas custa muito pouco e é muito mais barato do que criar habitação horizontal", desenvolveu Rui Moreira.

A par deste laboratório, esta candidatura independente defende que à autarquia cabe criar infraestruturas como ligação de saneamento, limpeza, fibra ótica e iluminação. Moreira adiantou, também, que quer incentivar os moradores a associarem-se de modo a ganharem voz.

"Queremos dar condições às associações de moradores para que desempenhem um papel ativo na relação que têm quer com a Junta, quer com a Câmara. O associativismo desapareceu porque se quebrou o caráter autóctone das pessoas ao as levarem para bairros, mas a associação também só faz sentido se o Município a reconhece como autoridade e como protagonista de um todo", disse Rui Moreira, acrescentando que vai, se vier a ser eleito, criar "um Conselho Municipal em que estas entidades estejam presentes".

"Transformou-se a cidade numa vivência de guetos e isto [reabilitação das ilhas] é o contrário. É retirar os guetos e apostar em edificado que tem tudo à porta: metro, mercados, espaços culturais, escolas, entre outros. E retirar as pessoas para bairros tem muitos custos. É preciso garantir, depois, transportes para chegar a esse bairro", adicionou o candidato.

Segundo Rui Moreira, que se fez acompanhar por um professor da Escola Superior Artística do Porto, Matos Rodrigues, que está a desenvolver um estudo sobre este tema, no Porto existem "há volta de mil ilhas, quase todas privadas, que são reabilitáveis". Os exemplos dados foram: Campanhã, Foz entre Corte-Real e Dr. Sousa Rosa, Boavista e Bonfim, entre outras localizações.

Sobre valores, e tendo por base as casas do Bairro Novo, Matos Rodrigues afirmou que "seis a oito mil euros chegam para reabilitar os cerca de 75 metros quadrados de cada casa".

Moreira garantiu, ainda, que "este tipo de reabilitação cria muita mais mão-de-obra que o betão" e disse querer fazer este processo "por fases" para não obrigar as pessoas a saírem, ou seja "desenraizando-se", durante a fase de transição. "Isto também pode promover a reabilitação do comércio tradicional", concluiu.

Para além de Rui Moreira (independente apoiado pelo CDS-PP), estão na corrida às autárquicas, Manuel Pizarro (PS), Luís Filipe Menezes (PSD), Pedro Carvalho (CDU), José Soeiro (BE), Nuno Cardoso (independente), e José Manuel Costa Pereira (Partido Trabalhista Português).

PYT // MSP

Lusa/fim

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