Em entrevista à agência Lusa, o autor confessou que o interesse por esta relíquia -- o coração de Pedro IV de Portugal e I do Brasil, doado pelo próprio à cidade do Porto está até hoje guardado na Igreja da Lapa -- surgiu "há quatro ou cinco anos", quando tomou conhecimento deste episódio histórico.

"Eu desconhecia a existência desta relíquia na Igreja da Lapa, no Porto, que é raríssima a nível mundial. Não há no mundo o coração de nenhum rei conservado e ainda por cima como símbolo de liberdade, de uma luta pelos ideais democráticos, como é este caso de Pedro IV", explicou Miguel Miranda.

O livro é a quarta publicação de uma saga de policiais, tendo todas elas como protagonista o detetive privado Mário França, que em conjunto com a sua equipa de agentes entrará "num universo de intrigas familiares, gangues violentos e querelas que remontam aos tempos das Guerras Liberais", pode ler-se na sinopse.

Na opinião de Miguel Miranda, esta relíquia tem "um valor simbólico não apenas para a cidade, mas também para o país e para o mundo" porque para além da componente "de fruição e de divertimento lúdico da história ficcionada, há também o interesse cultural e histórico".

Como conta Miguel Miranda, em 1832, vindo do Brasil, Pedro IV marchou com um exército de 7.000 homens até ao Porto, onde cercou as forças compostas por 60.000 militares fiéis ao seu irmão D. Miguel.

Como forma de agradecimento, o rei decidiu que após a sua morte o seu coração seria doado à cidade do Porto.

Para redigir este romance policial o autor revela que foi necessário "visitar os locais, entrevistar algumas pessoas, consultar livros, confrontar datas", o que na sua perspetiva confere à obra uma dimensão "arqueológica" e "antropológica".

Esta saga de livros, sendo "Sem Coração" o mais recente título, traz enredos "centrados no Porto e no norte de Portugal", algo que o escritor diz ser "premeditado" para dar a conhecer a região.

As anteriores obras deste autor foram já publicadas em França e Itália, havendo já um acordo para que este livro seja publicado em França a partir de janeiro de 2016.

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