Crise afasta portugueses de pedir ajuda a psicólogos - estudo

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 27 mai (Lusa) - Os portugueses acham útil, mas procuram menos a ajuda dos psicólogos ou reduzem o tempo da terapia devido à crise, acabando por recorrer mais aos médicos de família, conclui um estudo da DECOProteste.

Ao mesmo tempo que aumenta as situações de ansiedade ou problemas emocionais, a crise económica afeta o Serviço Nacional de Saúde (SNS), onde o tempo de espera para a primeira consulta de psicologia é de um mês e os contactos passam a ser mensais em 70% dos casos, o que "é pouco", disse à agência Lusa o coordenador do trabalho, Osvaldo Santos.

O estudo, a ser divulgado na próxima edição da revista Proteste, também refere que, neste contexto, os médicos de família acabam por ser o recurso mais procurado e 19% dos inquiridos pediram ajuda ao seu clínico, percentagem mais elevada do que a registada no anterior inquérito (11%), em 2002.

Estes profissionais "têm um papel fundamental" na triagem destas situações e o aumento da procura dos médicos de família nestas situações "provavelmente" está relacionado com as dificuldades económicas, referiu Osvaldo Santos.

O problema é que "acabam por ficar por esta solução", o que acontece em 19% dos casos, e "vemos que a satisfação é menor entre as pessoas que recorrem só a médicos de família", quando comparados com aqueles que recorrem a profissionais especializados, "o que é natural", acrescentou.

"A grande maioria dos inquiridos mostra uma atitude muito favorável à procura de apoio psicológico e isto é bom. As pessoas têm a ideia de que há sofrimento psicológico e aspetos mais disfuncionais que requerem um tratamento mais específico", explicou o especialista.

"Têm a perceção de que ir ao psicólogo ou ao psiquiatra não é uma coisa ´própria só dos malucos´" e, nos últimos anos, a procura destes profisisonais tornou-se mais natural.

Dos 1.350 inquiridos, 97% afirmaram que é útil e pode ser benéfico procurar ajuda de profissionais, principalmente em caso de ansiedade, depressão ou problemas com o sono, e quase um quinto (17%) procurou mesmo este apoio (em 2002 eram 29%).

Mas, daqueles que disseram sentir um sofrimento emocional e psicológico "bastante acentuado", 78% optaram por não procurar ajuda psicológica e, destes, 13% considerou que o custo das terapias "é um entrave".

Para mais de 60%, familiares, amigos e colegas de trabalho tiveram um papel de suporte importante. Há ainda 37% de inquiridos convictos de conseguir ultrapassar sozinhos os problemas.

A crise reflete-se no facto de metade dos portugueses a necessitar de ajuda recorrer a um tratamento mais barato e de "uma grande percentagem das pessoas só ir a uma consulta, não fazer um tratamento continuado", apontou Osvaldo Santos.

"Aumenta mais o número de pessoas que têm dificuldades emocionais e psicológicas, há mais procura, o que ainda vai afogar mais os serviços (do SNS) na resposta que conseguem dar", referiu o coordenador do estudo.

Para Osvaldo Santos, "é preciso (...) priorizar as questões de saúde mental, até porque quanto mais saúde mental, mais produtividade laboral existe e [registam-se] menos custos de saúde", defendeu.

O especialista recordou investigações que mostram que, por cada 0,1% de desemprego, aumenta 0,3% a taxa de suicídio.

"Ao deixar a situação agravar-se, corre-se o risco de estarmos a aumentar indicadores de saúde que são graves e também têm custos económicos", concluiu.

EA // SO

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