Lajes: O declínio de uma prolongada função estratégica e militar

Lajes: O declínio de uma prolongada função estratégica e militar
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Porto Canal

A importância estratégica e militar dos Açores desde sempre foi reconhecida, mas registou uma dimensão particular nas duas guerras mundiais e na confirmação da presença dos EUA, agora em refluxo devido às novas prioridades de Washington.

Região apetecível em termos logísticos, sobretudo em tempos de conflitos à escala global, os Açores tornaram-se cobiçados por alemães e ingleses no início da Segunda Guerra Mundial, em disputa pelo controlo das rotas marítimas do Atlântico Norte.

A política de neutralidade do regime de Salazar, e os receios de uma eventual ocupação militar dos Açores pelos aliados, impeliu o regime português a reforçar a presença militar no arquipélago, incluindo na ilha Terceira, onde em 1941 foi fundada a base das Lajes.

A par do reforço do contingente militar português, que incluía uma componente de defesa aérea, Salazar permitiu que na primeira fase do conflito a marinha alemã utilizasse as ilhas para reabastecer os seus famosos submarinos U-Boot.

Depois, os ingleses solicitaram a utilização das Lajes para estacionar um contingente militar e aviões da Royal Air Force, que foi concedida em 1943, quando o conflito mundial estava a pender para o campo dos aliados e se assistiu a um reposicionamento da posição do Governo de Lisboa.

Na sequência do acordo assinado em agosto daquele ano, ao abrigo da “velha aliança” luso-britânica, as forças militares de Churchill passaram a utilizar a base das Lajes e diversas infraestruturas aéreas e portuárias no arquipélago.

A partir de então, a relação de forças alterou-se no Atlântico, e os aliados garantiram a segurança dos seus corredores de transporte de mercadorias, que nos dois primeiros anos do conflito eram alvos fáceis dos submarinos germânicos.

Se em 1942 os britânicos perderam cerca de 5,5 milhões de toneladas de mercadorias no Atlântico Norte, nos últimos três meses de 1943, e já após o início das operações antissubmarino a partir das Lajes, apenas perderam 146.000 toneladas de material.

Os bombardeiros britânicos, que integravam os três esquadrões antissubmarino instalados na base das Lajes, detetaram, perseguiram e destruíram dezenas de navios de guerra e submarinos do III Reich, permitindo um aumento decisivo dos comboios de transporte marítimo dos aliados. E os preparativos para o “Dia D”, a 6 de junho de 1944.

Ainda antes do final do conflito mundial, os norte-americanos também começaram a utilizar a base das Lajes. A Força Aérea norte-americana (USAF) iniciou então uma relação estratégica e militar com Portugal, que se manteve até à atualidade.

O poder aéreo sobrepôs-se entretanto ao poder naval, e os Estados Unidos, num cenário de Guerra Fria, estabeleceram uma base permanente na Ilha Terceira. A recompensa surgiu em 4 de abril 1949 quando Portugal se incluiu entre os 12 países fundadores da NATO, e o único com regime totalitário.

O fim do “conflito leste-oeste” não diminuiu no imediato a importância estratégica das Lajes. Pelo contrário. A base assumiu uma função importante no reabastecimento dos aviões norte-americanos enviados para a Guerra do Golfo em 1991, para o Afeganistão em 2001 ou para a segunda invasão do Iraque em 2003.

A base esteve ainda em foco por ter alegadamente servido de “plataforma” para os voos secretos da CIA que transportavam suspeitos de terrorismo em direção a Guantánamo, em Cuba.

Para Portugal, a base das Lajes, para além da função militar, assumiu a responsabilidade pelo controlo das águas territoriais portuguesas e possui um Centro coordenador de Busca e Salvamento.

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