Juncker recomenda prudência para evitar "reacções a quente"

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Porto Canal / Agências

Riga, 08 jan (Lusa) -- O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse hoje, em Riga, que o ataque contra o jornal satírico Charlie Hebdo terá a consequente resposta da União Europeia, mas defendeu que "agora é hora de silêncio", para prevenir reações a quente.

"Sei, por experiência, que não se deve reagir no dia seguinte a um acontecimento como este, porque corremos o risco de cometer erros", sustentou Juncker, na conferência de imprensa de lançamento da presidência semestral letã da UE, que começou com um minuto de silêncio em homenagem às 12 vítimas mortais do atentado de Paris de quarta-feira.

Apontando que a Europa está "profundamente enlutada" e que todos continuam "escandalizados, consternados e emocionados" com o atentado da véspera, "que matou 12 pessoas, mas que foi também um atentado contra a forma de viver" dos europeus, Juncker considerou então que "agora é hora de silêncio", mas garantiu que a Europa não deixará de reagir.

O assunto será discutido na próxima reunião de chefes de diplomacia da UE, que terá lugar a 19 de janeiro, em Bruxelas, e, nas próximas semanas, a Comissão irá apresentar, como já estava antes previsto, a nova estratégia de luta contra o terrorismo, já que o anterior plano havia sido concebido para o período 2010-2014.

Juncker assinalou que o combate ao terrorismo é uma competência, acima de tudo, de cada Estado-membro, mas disse que deve haver um reforço de coordenação ao nível da UE no plano preventivo e pró-ativo, e admitiu que será necessário "ver até que ponto o sistema Schengen (de livre circulação de pessoas) pode ser melhorado".

A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, disse partilhar a posição do presidente da Comissão, considerando que "agora é o momento da dor", e, depois sim, "que esta dor se transforme em ações concretas", que terão de ser discutidas aos mais diversos níveis, envolvendo ministros do Interior e da Justiça dos Estados-membros, mas até da Cultura, para fazer face a um fenómeno tão complexo.

A primeira-ministra letã, Laimdota Straujuma, defendeu também que este é um momento em que a UE deve mostrar, de forma unida, que está "pronta a defender os valores do humanismo", contidos no lema francês "Liberdade, Igualdade, Fraternidade".

Três homens vestidos de preto, encapuzados e armados atacaram na manhã de quarta-feira a sede do jornal Charlie Hebdo, no centro de Paris, provocando 12 mortos (10 vítimas mortais entre jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos, quatro dos quais em estado grave.

Um dos alegados autores, Hamyd Mourad, de 18 anos, já se entregou às autoridades e os outros dois suspeitos, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, terão sido vistos no norte de França.

Entre as vítimas do ataque estão os cartoonistas Stéphane "Charb" Charbonnier, 47 anos e diretor da publicação, Jean "Cabu" Cabut, 76 anos, Georges Wolinksi, 80 anos, e Verlhac "Tignous" Bernard, 58 anos.

Criado em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna, o semanário Charlie Hebdo tornou-se conhecido em 2006 quando decidiu voltar a publicar 'cartoons' do profeta Maomé, inicialmente publicados no diário dinamarquês Jyllands-Posten e que provocaram forte polémica em vários países muçulmanos.

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