Morte de júri do Porto Cartoon Wolinski deixa "vazio enorme"

Morte de júri do Porto Cartoon Wolinski deixa "vazio enorme"
| Norte
Porto Canal / Agências

O diretor do Porto Cartoon, Luís Humberto Marcos, disse hoje que a morte do cartunista Georges Wolinski, que era júri da competição desde 2004, deixa um "vazio enorme" e é uma "perda insubstituível".

Wolinski, uma das 12 vítimas mortais do atentado cometido hoje em Paris, contra a redação do semanário satírico Charlie Hebdo, "soube pôr o seu lápis muito aguçado quer sobre os preconceitos, quer [sobre] os poderes", disse Luís Humberto Marcos.

"Fazia do humor uma valorização daquilo que era o próprio conceito da crónica jornalística", afirmou o também diretor do Museu Nacional da Imprensa, instituição que declarou uma semana de luto em homenagem aos mortos de hoje, em Paris.

Em declarações à Lusa, em 2011, quando do anúncio dos prémios do Porto Cartoon desse ano, Wolinski disse que "os humoristas são amantes da liberdade", congratulando-se com "a luta pela democracia" em países como a Tunísia, onde nasceu.

"O futuro parece mais democrático do que o passado", sublinhou, na altura.

Luís Humberto Marcos destacou que, "apesar da sua enorme importância, [Wolinski] manifestou sempre uma grande disponibilidade, nunca disse não aos convites para estar [no Porto], uma ou duas vezes por ano, quer no júri, quer depois na inauguração do Porto Cartoon".

Georges Wolinski nasceu em Tunes, na ainda Tunísia francesa, em 1934, filho de pais judeus, que se fixaram em Paris, no final da II Guerra Mundial. Estudou arquitetura na capital francesa, curso que abandonou para se dedicar à caricatura, na década de 1960.

Durante a revolta de Maio de 1968, fez parte da equipa fundadora da revista satírica L'Enragé.

Na década de 1970, em colaboração com outro autor de banda desenhada, Georges Pichard, deu início à série Paulette, de cariz erótico, que se estreou no Charlie Mensuel e se traduziu em cerca de uma dezena de álbuns publicados nas décadas de 1970 e 1980.

Nos últimos 40 anos, colaborou com publicações como o Libération, as revistas Le Nouver Observateur e Paris-Match, L'Écho des savanes e Charlie Hebdo.

A "Lambiek - Comiclopedia", publicação disponível na internet dedicada ao universo da Banda Desenhada, lembra ainda "tiras" regulares criadas por Wolinski para diversas publicações como "Je ne veux pas mourir idiot" ("Não quero morrer idiota") e "Pas que la politique dans la vie" ("Nada mais do que a política na vida").

Em 2005, Wolinski foi homenageado pelo Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, em França, o maior festival europeu dedicado àquela expressão artística.

Em 2006, lançou "Les Carnets de Voyages", obra que reúne cerca de meio século de viagens e na qual relata a presença no Porto, como membro do júri do Porto Cartoon, destacando as pontes da cidade, a Ribeira e a gastronomia local.

O ataque, hoje, ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, que ainda não foi reivindicado, foi executado por homens armados que entraram na sede em Paris, causando 12 mortos e 20 feridos, de acordo com as autoridades francesas.

Além de Georges Wolinski, estão confirmadas as mortes do cartunista e diretor do semanário, Stéphane Charbonnier (Charb), e de outros dois dos principais cartunistas do semanário, Jean Cabut e Tignous (pseudónimo de Bernard Velhac).

O economista Bernard Maris, investigador, que fez parte do Banco de França, foi também morto no atentado.

O semanário satírico tinha já sido ameaçado por integristas islâmicos por reproduzir caricaturas de Maomé originalmente publicadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten em 2005.

Um dos últimos ataques à revista ocorreu em 2013, quando piratas informáticos deitaram abaixo a sua página na internet, provavelmente por causa da publicação de um suplemento especial com uma biografia de Maomé em banda desenhada.

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