Questões económicas decisivas para abandono escolar na Universidade de Vila Real

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Porto Canal

As questões económicas são decisivas para o abandono escolar na universidade de Vila Real, um problema que afeta principalmente os estudantes do primeiro ano que se queixam ainda de dificuldades de adaptação ou desapontamento com o curso.

Estas conclusões fazem parte de um estudo divulgado hoje e que foi desenvolvido por um grupo de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), coordenador por Fernando Bessa.

"Procuramos saber com rigor quais as razões que estavam na origem do abandono escolar na UTAD", afirmou à agência Lusa o investigador.

O estudo incidiu nos alunos de licenciatura e mestrado integrado da UTAD matriculados em 2013/2014. Na academia transmontana estudam cerca de 7.500 alunos.

Foram identificados 1.117 estudantes em situação de incumprimento no pagamento de propinas e 86 alunos em situação de anulação de matrícula.

Dos 1.203 identificados, foram contactados 355, tendo um número reduzido mostrado disponibilidade para ser inquirido.

As inquirições foram realizadas por telefone através de questionário a 37 alunos, sendo que oito aceitaram participar em entrevista aprofundada realizada presencialmente.

"Apontamos para uma pluralidade de causas que estão na base do abandono escolar, causas que têm como elemento fundamental a privação económica, isto é dificuldades económicas que impedem os alunos de continuar a estudar", salientou Fernando Bessa.

O estudo revela que mais de 81% abandonaram a UTAD durante o primeiro ano do curso e apontaram como principais motivos: "licenciatura não correspondeu às expectativas", "dificuldades económicas", "adaptação à cidade e à vida académica", "conciliação com a vida profissional".

São ainda apresentadas outras razões como "questões pessoas não explicitadas", "frequência de curso de especialização tecnológica", "problemas de saúde", "opção pela carreira militar", desinteresse pelo prosseguimento de estudos" e "incompatibilidade de horário".

O desapontamento em relação à licenciatura está ligado, fundamentalmente, ao não ingresso no curso pretendido.

O estudo revela ainda que se está perante alunos que, na grande maioria, "vivem de forma austera".

Fernando Bessa referiu que a larga maioria destes alunos não tinha acesso a bolsa de estudos, usufruindo, no entanto, de rendimentos familiares ou próprios baixos". "Isto é, eles não ganham o suficiente para pagar as suas despesas com os estudos", frisou.

Os 19 alunos que trabalham e participaram na investigação têm um rendimento médio de 515 euros. O rendimento familiar mensal é baixo, com 85.7% das famílias a viver com até quatro salários mínimos, verificando-se que 28.6% não superam dois salários mínimos.

A maioria dos agregados familiares é composta por quatro (42.5%) e cinco (21.2%) elementos, situação que os coloca em situação de risco. Metade dos alunos despendia, com os estudos, até 300 euros por mês.

O estudo refere ainda o incumprimento dos prazos de pagamento das propinas por mais de um milhar de estudantes (perto de 20% de estudantes em incumprimento parcial ou total), situação que pode também indiciar carências económicas.

A saída da UTAD é vista por 64.7% "como acertada" e por 23.5% dos alunos inquiridos "como inevitável".

Apenas dois alunos mostraram desinteresse em reingressar na UTAD.

Questionados sobre os apoios úteis a este reingresso, os alunos destacaram o aumento do valor da bolsa, maiores facilidades para trabalhadores estudantes (flexibilidade do horário de trabalho e canal próprio para o atendimento nos Serviços Académicos), e ainda acesso a bolsas e outros apoios sociais de que beneficiam os alunos não trabalhadores.

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