Touriga nacional entre o quase abandono e a conquista do mercado internacional

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Porto Canal / Agências

Vila Real, 30 out (Lusa) -- Investigadores debatem na terça-feira, em Vila Real, a importância da Touriga Nacional, que sobreviveu à quase extinção devido à investigação genética, com seleção dos clones mais resistentes e produtivos, e é hoje considerada a mais internacional das castas portuguesas.

O seminário "Touriga Nacional" é promovido pela Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e tem como objetivo, segundo disse hoje a organização, debater a importância económica desta casta, mercados e marketing, bem como realçar a sua história.

Pelo menos desde o século XVIII que há referências a esta casta e a sua origem é reclamada pelas regiões do Douro e Dão.

Nuno Magalhães, professor emérito da UTAD e investigador da área da viticultura, afirmou à agência Lusa que, atualmente, esta casta está espalhada pelas várias regiões vitícolas do país e vai-se expandindo também além-fronteiras, para Espanha, França, Austrália, África do Sul ou Califórnia (Estados Unidos da América).

No entanto, segundo frisou, nos finais da década de 70 esteve "à beira da extinção".

"A Touriga Nacional era muito considerada pela sua qualidade. Mas a certa altura começou a ser abandonada progressivamente porque desavinha muito e havia anos em que não produzia nada", frisou o investigador.

Nuno Magalhães, Antero Martins e Luís Carneiro foram os investigadores que, em Portugal, deram início ao trabalho de investigação e seleção genética da videira.

"Em 79/80 foi quando se começaram a fazer as prospeções para a seleção clonal da touriga, os números do cadastro já não batiam com aquilo que verificávamos no campo porque entretanto o caseiro ou o proprietário já tinham arrancado as cepas", salientou o responsável.

Havia situações em que a produção da casta ficava reduzida "a quase nada, 100 ou 200 gramas por cepa, o que não é economicamente rentável".

Pelas vinhas do Douro e Dão foram recolhidos 197 clones desta casta e foram selecionados os mais sãos e resistentes ao desavinho, um acidente fisiológico em que não ocorre a transformação das flores em fruto.

Neste trabalho de investigação, foram escolhidas as plantas com informação genética mais propícia a rendimento e a qualidade superiores.

A primeira seleção policlonal de Touriga Nacional realizada em meados da década de 80 no Douro permitiu um ganho de rendimento de 17,7%.

"Hoje é uma casta perfeitamente rentável", salientou Nuno Magalhães.

Atualmente, esta casta está na moda entre os viticultores nacionais e alguns dos grandes vinhos tintos portugueses são feitos à base de Touriga Nacional.

Alguns deles vão estar à prova durante o seminário, que vai decorrer na próxima semana na UTAD.

Neste evento, Nuno Magalhães vai fazer uma "Caracterização agronómica" da casta, enquanto Ana Catarina Gomes, do parque tecnológico Biocant, abordará o tema "Touriga Nacional -- fonte de diversidade e de identidade".

Sónia Vieira, da ViniPortugal, vai falar sobre as "Vantagens e constrangimentos de uma comunicação dos vinhos centrada nesta casta, enquanto Bento Amaral, do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), destacará a importância da Touriga Nacional para a Região Demarcada do Douro.

PLI //JGJ

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