Barco naufragado no Furadouro saía para o mar pela segunda vez no mesmo dia
Porto Canal / Agências
Ovar, 22 mai (Lusa) - O barco da arte xávega que naufragou hoje a sul da praia do Furadouro, em Ovar, causando dois mortos, estava a sair para o mar, pela segunda vez no mesmo dia, para lançar as redes.
"Da primeira vez, que ocorreu cerca das 06:00, o mar estava pior e não houve quaisquer problemas", disse à Lusa João Fonseca, o arrais da embarcação "Jovem".
O pescador, de 53 anos, contou que ele e os seus companheiros de faina estavam a cerca de 150 metros da praia, quando vieram "duas vagas de mar perdidas" que atiraram os tripulantes para fora da embarcação.
"Escolhemos mal a maré", afirmou o mesmo responsável, confessando que nos mais de 30 anos que leva de vida do mar já apanhou alguns sustos, mas nunca tinha acontecido nada disto.
O acidente ocorreu cerca das 07:30.
Segundo o comandante da Capitania do Porto de Aveiro, Luciano Oliveira, a embarcação, com cinco tripulantes a bordo, virou-se no momento da saída da praia para o mar.
As duas vítimas mortais são dois homens, de 43 e 64 anos, que morreram por afogamento, sendo os seus corpos resgatados logo no imediato.
Os restantes três tripulantes foram socorridos por outro barco que estava nas proximidades e que os transportaram para terra.
Os sobreviventes sofreram pequenas escoriações e foram assistidos no local por elementos do INEM e dos Bombeiros de Ovar.
O comandante do Porto de Aveiro adiantou ainda que na altura do acidente as condições do mar e do vento "não eram gravosas".
O último acidente com vítimas mortais envolvendo barcos da arte xávega aconteceu em 2005.
O arrais da "Olá Sampaio", uma embarcação da Torreira (Murtosa), morreu quando o pequeno barco de pesca se virou, a poucas dezenas de metros do areal.
Em abril do ano passado, uma outra embarcação da arte xávega com cinco homens a bordo naufragou ao largo de Mira, mas todos os tripulantes conseguiram salvar-se.
A arte da xávega é um processo de pesca tradicional feita com pequenas embarcações em que as redes são lançadas ao largo da praia e depois puxadas para terra por tratores.
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