Porto liderado maioritariamente pela direita desde 1976
Porto Canal/Agências
O Porto votará nas eleições autárquicas de 12 de outubro com um histórico de quase 50 anos de executivos maioritariamente à direita, incluindo nos últimos 24, tendo o PS governado após o 25 de Abril e nos anos 90.
No total, desde 1976, partidos ou independentes de direita governaram o Porto 34 anos, tendo o PS governado 15 anos.
Nas primeiras eleições autárquicas após o 25 de Abril, em 12 de dezembro de 1976, o PS chegou ao poder no Porto pela mão de Aureliano Veloso, que venceu com 34,65% dos votos, mas os socialistas perderam as eleições seguintes, que à data se realizavam de três em três anos.
Em 1979, Alfredo Coelho de Magalhães, da Aliança Democrática (PPD/PSD-CDS-PPM), venceu com 48,67% dos votos, e a coligação repetiu a vitória em 1982 com Paulo Vallada (42,61%), tendo o PSD, agora a solo, vencido as eleições de 1985, com 36,07%, numa lista liderada por Fernando Cabral.
Em dezembro de 1989 o ciclo político mudou, pois o PS, com Fernando Gomes, venceu com 41,52% dos votos e liderou a autarquia durante a década de 90, com vitórias em 1993 (59,64%) e 1997 (55,76%), tendo Gomes saído para o Governo em 1999.
Foi substituído pelo vice-presidente Nuno Cardoso (candidato às atuais eleições) até 2001, quando Rui Rio (PSD/CDS-PP) ganhou a Câmara do Porto com uma vitória de 42,75%.
Rio consolidou os resultados em 2005 (46,17%) e 2009 (47,48%), deixando a câmara em 2013, já não se podendo recandidatar devido à lei de limitação de mandatos.
Rui Moreira foi o primeiro independente (com apoio do CDS-PP, MPT, NC e IL nas várias eleições) a ganhar a Câmara do Porto, ao arrecadar 39,25% dos votos em 2013, seguindo-se vitórias em 2017 (44,46%) e 2021 (40,72%).
Apesar de ter vencido em 2021 sem maioria absoluta (seis vereadores), Moreira atribuiu um pelouro à independente ex-PS Catarina Santos Cunha em 2022, logrando uma maioria, sendo o restante executivo composto pelo PS (dois eleitos), PSD (dois), CDU (um) e BE (um).
O movimento de Rui Moreira lidera também na Assembleia Municipal, mas sem maioria absoluta, tendo 15 membros eleitos e quatro presidentes de junta, seguido pelo PS e PSD (oito eleitos e um presidente de junta cada), a CDU e o BE (três eleitos cada) e o PAN e o Chega (um eleito cada).
Para lhe suceder há 12 candidatos: Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU – coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
Com 252.687 habitantes em 2024 (quarto município mais populoso de Portugal) e 41,42 quilómetros quadrados de área, o Porto é considerado a segunda cidade do país, sendo o 'coração' de uma área metropolitana com 1,7 milhões de habitantes e a capital da região Norte.
Historicamente comercial e industrial, tem observado um forte crescimento do turismo, com 6,2 milhões de dormidas em 2024, mais 6,9% que em 2023, gerando proveitos de 492 milhões de euros (aumento de 12,8% face a 2023), segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os preços das casas têm também aumentado, com o valor mediano do metro quadrado na avaliação bancária a subir 24,4% para 2580 euros em 2024 face a 2021 (2074 euros), acima da média nacional de 1662 euros.
O ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem era de 1.761,4 euros em 2023 (7.º do país), havendo 7% de desempregados em 2024, segundo o INE e Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
As eleições autárquicas decorrem no dia 12 de outubro.
