Peça "Obrigada por terem vindo" estreia-se no Porto sexta-feira como reflexão sobre teatro
Porto Canal/Agências
A associação cultural Maratona estreia, na sexta-feira, n’A Piscina, no Porto, a peça "Obrigada por terem vindo", definida este domingo à Lusa pela coautora e encenadora como "uma reflexão sobre o que é ver e fazer teatro".
De acordo com a autora do texto e encenadora Mariana Dixe, que o criou em conjunto com Mariana Lobo Vaz (que interpreta), trata-se de um monólogo “metateatral” que fala “de teatro a pensar sobre o teatro” assente em três questões: “o que é que, em 2025, ainda nos leva ao teatro, porque é que vemos teatro e porque é que o fazemos”.
Em cena, Mariana Vaz Lobo começa por ser operadora de bilheteira, para de seguida dar corpo a Leonor, uma ruiva de “45 anos e mãe de uma menina com 2 anos”, como se apresenta no início da peça.
Está lançado o mote para o que se sucede, um espetáculo projetado para salas pequenas, que, “embora contenha todos os ‘clichés’ do teatro, como os microfones, as cortinas, os veludos”, “procura brincar com esses lugares-comuns habitualmente associados ao teatro e ao palco”, referiu a encenadora.
Segundo Mariana Dixe, na base da peça está também a premissa de que o público se esquece de si próprio ao ver uma peça: “Porque quando vemos uma atriz esquecemo-nos de que ela está a cumprir a sua função, a responder a uma encenação, a dizer palavras que escreveram para ela, a cumprir uma série de deixas e marcações espaciais para a luz e para o som”.
No teatro, o espectador quer acreditar que quem interpreta está a fazer o seu papel “como se fosse a primeira vez, que está a dizer coisas que está a pensar naquele momento e a fazer gestos e movimentos que lhe estão a surgir organicamente”.
E não é isso que acontece, ainda que durante o tempo de interpretação se esteja “num processo de identificação”, no qual se acredita, onde “existe um pacto com a atriz” e se "acredita no que ela disser".
"Mas quando, racionalmente, se sai desse contexto, sabe-se que quem interpreta é uma profissional a cumprir ordens”, precisou Mariana Dixe que foi construindo o texto para cena com Mariana Lobo Vaz.
Tendo como referência a ‘stand-up comedy’, tanto nas reflexões da peça como na transferência do texto para versão cénica, o monólogo “não é interativo”, mas contém um “exercício um bocadinho provocatório”, indicou Mariana Dixe.
Com estreia n’A Piscina, na Rua de Santa Catarina, “Obrigada por terem vindo” estará em cena dentro da antiga piscina “onde Manoel de Oliveira aprendeu a nadar”, já que o local é um projeto artístico da Secção Cultural de Artes Performativas do Sport Club do Porto – clube onde o realizador de cinema foi atleta e tricampeão nacional de salto à vara -, a peça repete no dia seguinte.
A sessão de estreia está já esgotada.
Dias 10 e 11 de setembro será apresentada no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitetura (CAAA), em Guimarães, nos dias 19 e 20, no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, em Algés (Oeiras), e dias 3 e 4 de outubro, no Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego.
O texto será ainda representado no Cineteatro Garrett, na Póvoa de Varzim, no âmbito do Festival de Artes Performativas a Solo, no dia 22 de novembro.
“Obrigada por terem vindo” tem desenho de luz de Teresa Antunes, com desenho de som de Madalena Palmeirim e operação de luz e de som de Hélio Pereira e Catarina Côdea, respetivamente.
