Câmara de Arcos de Valdevez tem parecer técnico que propõe rejeição de parque eólico em Sistelo

Câmara de Arcos de Valdevez tem parecer técnico que propõe rejeição de parque eólico em Sistelo
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Norte
Porto Canal/Agências

A Câmara de Arcos de Valdevez tem um parecer técnico, retirado da ordem de trabalhos da reunião do executivo de quinta-feira, que propõe a rejeição de um projeto eólico em Sistelo, tal como está formulado na proposta em consulta pública.

Em causa está a intenção da empresa Madoqua IPP, com sede nos Países Baixos, de instalar um parque eólico em Sistelo, Arcos de Valdevez, com ligação a outro em Merufe, Monção, no distrito de Viana do Castelo, que está em consulta pública até ao dia 16.

A Proposta de Definição de Âmbito (PDA) do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentada à Autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental prevê “a instalação de 32 aerogeradores com torres de 112 metros de altura e rotor com 175 metros de diâmetro (…) e respetiva linha elétrica de muito alta tensão (LMAT) que permitirá ligar o parque eólico à Subestação de Ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP)”.

A votação do parecer técnico, datado de 1 de maio, integrava a ordem de trabalhos da reunião camarária de quinta-feira, mas foi retirada.

Contactado pela agência Lusa, o presidente em exercício da Câmara de Arcos de Valdevez escusou-se a explicar a razão.

Olegário Gonçalves disse que quinta-feira foi aprovado, por unanimidade, que o município se pronuncie sobre a Proposta de Definição de Âmbito (PDA) do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) na consulta pública em curso.

O social-democrata referiu que a decisão final da autarquia sobre o projeto ainda não está definida, por desconhecer as contrapartidas que a empresa oferece para a instalação do parque eólico.

O parecer técnico da autarquia, a que a Lusa teve acesso, propõe que o município “rejeite a continuação deste projeto na forma apresentada e exija a reformulação total da proposta, com exclusão explícita de áreas de elevado valor ecológico e cultural”.

“Caso tal reformulação não seja viável, o projeto deve ser indeferido em sede de EIA”, lê-se.

Segundo o parecer, “os impactes identificados são de tal magnitude que tornam este projeto altamente questionável, mesmo em fase preliminar”.

O documento destaca “a evidência clara de impactes ambientais graves e dificilmente reversíveis, a sobreposição com áreas protegidas nacionais e europeias e a fragilidade das propostas mitigadoras”.

A proposta em consulta pública prevê como áreas de estudo a aldeia de Sistelo, classificada em 2017 como Monumento Nacional Paisagem Cultural, situada próximo da Serra da Peneda e Soajo, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), Cabreiro, com parte do território integrada no único parque nacional do país e a União de Freguesia de Álvora e Loureda.

O projeto sobrepõe-se ainda “às zonas da Rede Natura 2000 e da Reserva da Bioesfera Gerês e Habitats Naturais, passando ainda pela Zona Especial de Conservação do Rio Lima”.

Na intervenção que realizou na reunião camarária, hoje enviada à Lusa, o vereador do PS, João Braga Simões manifesta-se a favor da instalação do parque eólico e referiu que a maioria PSD na autarquia “conhece o projeto”, por ter “participado na negociação de contrapartidas”.

Segundo o vereador socialista “as assembleias de compartes [de Sistelo, Cabreiro e União de Freguesia de Álvora e Loureda] votaram a favor dos contratos de cessão de exploração e a própria aprovou, em fevereiro, a instalação de dois mastros meteorológicos para medição de recursos eólicos”.

“Mais do que isso, [a autarquia] reconheceu o Interesse Municipal relevante para a sua inclusão em Plano Diretor Municipal (PDM), com parecer técnico positivo do gabinete florestal. O mesmo gabinete que vem agora dar parecer negativo”, sustenta.

Segundo João Braga Simões, o parque eólico terá “impacto”, mas, de “todas as formas de aproveitamento de recursos que já foram discutidas e constatadas para aquele território, como uma mini-hídrica de Sistelo e a exploração de lítio, a exploração eólica é, de longe, a mais benigna”.

“A posição do PS é clara. Temos um território de montanha com recurso naturais potenciais que, se bem aproveitados, com sustentabilidade ecológica, podem representar ganhos para as populações. O aproveitamento de energia eólica é uma forma de energia limpa, que nos coloca um passo à frente na luta contra as alterações climáticas”, defende.

João Braga Simões considera que “as contrapartidas, que têm de ser bem negociadas, representam o salto financeiro necessário para manter a atratividade turística do território e a segurança contra incêndio das nossas florestas”.

“Dá-nos a oportunidade de investir no apoio social em zonas de carência de resposta. Então sim, somos a favor deste investimento estruturante para o concelho, sem hesitações nem tibiezas”, afirma.

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