As reações dos partidos à mensagem de Ano Novo do Presidente da República
Porto Canal / Agências
Após a tradicional mensagem de Ano Novo do presidente da Presidente da República, os partidos com assento parlamentar reagiram às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa. O PSD assinala “especial sintonia” entre mensagens de PR e PM, o PS partilha das preocupações de Marcelo mas não confia no Governo para as resolver. Já o Chega queria ter ouvido falar de saúde e insegurança, o Iniciativa Liberal critica "grande ausência" da reforma do Estado, o Bloco de Esquerda estranha que PR esqueça saúde e educação públicas, habitação e “genocídio” em Gaza. Já o PCP diz que é preciso "paz e cooperação", o Livre classifica a mensagem como "muito derrotista", o PAN espera que Montenegro dê ouvidos a "recados" de PR e o CDS diz que é fundamental haver triunfo do bom senso.
O vice-presidente do PSD Carlos Coelho assinalou “especial sintonia” entre a mensagem de Ano Novo do Presidente da República e a de Boas Festas do primeiro-ministro, notando que os recados de Marcelo se dirigem, sobretudo, à oposição.
Para o PSD, esta sintonia é evidente em temas como o crescimento económico, o aumento do investimento, a redução da pobreza, o reforço do Estado social e da saúde.
O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, disse que partilha das preocupações do Presidente da República, mas considerou que "não há confiança na capacidade do atual Governo para as resolver".
Na intervenção de cerca de dez minutos, o líder socialista apontou as áreas da economia, saúde e pobreza como exemplos de setores onde o atual Governo não conseguiu resolver os problemas, considerando que "a crise no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) é o expoente máximo da incapacidade do Governo na gestão dos serviços públicos".
O presidente do Chega considerou que a mensagem de Ano Novo do Presidente da República "ficou aquém" do esperado, pois queria ter ouvido Marcelo Rebelo de Sousa abordar temas como saúde ou insegurança.
O líder do Chega defendeu que, "este ano, a saúde e a insegurança que se vive em Portugal exigiam uma ação determinante e uma palavra firme do Presidente da República sobre esta matéria". "Não aconteceu, e o país ficou a perder", salientou.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, criticou a "grande ausência" do tema da reforma do Estado da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, tal como na mensagem de Natal do primeiro-ministro.
O líder da IL, que juntou à sua análise a mensagem de Natal do primeiro-ministro, notou que "todos falam da necessidade de crescimento económico, todos falam na necessidade de ser competitivos num ambiente muito desafiante internacional, o senhor Presidente da República disse-o". "Mas não há ninguém - mesmo nas intervenções dos outros partidos, que tive oportunidade de ouvir - que fale na reforma do Estado", observou.
O Bloco de Esquerda estranha que o Presidente da República fale do 25 de Abril e do futuro sem abordar a saúde e educação públicas e habitação, lamentando que Marcelo tenha esquecido a Palestina e “o genocídio” em Gaza.
“É importante realçar que quando nós falamos de Abril, da democracia e do futuro, é bom que não esqueçamos que, em Portugal, esse futuro, essa democracia se faz como um sustentáculo de um serviço de saúde público, uma escola pública e do direito à habitação”, afirmou Bruno Maia, em conferência de imprensa.
O dirigente do PCP Rui Fernandes defendeu que é preciso “paz e cooperação” e não “uma disputa entre povos e entre Estados”, numa reação à mensagem do Presidente da República, dedicada em parte à situação internacional.
“A primeira é que precisamos de paz e cooperação e não de uma política de disputa entre povos e entre Estados. E não, como alguns defendem, de cortes de pensões e Segurança Social para investir em mais armamento”, disse Rui Fernandes, em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa.
A líder parlamentar do Livre classificou de "muito derrotista" a mensagem de Ano Novo do Presidente da República, tanto no plano internacional como nacional, e que "não deixou grandes esperanças para o próximo ciclo".
"Esta mensagem causou-nos bastante estranheza porque nos pareceu uma mensagem muito derrotista tanto no plano internacional como no plano nacional", afirmou à Lusa Isabel Mendes Lopes.
A porta-voz do PAN afirmou esperar que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ouça os “recados do Presidente da República” quanto à necessidade de solidariedade institucional, que defendeu dever ser alargada ao parlamento.
“Sentimos que os recados que Marcelo Rebelo de Sousa deu mesmo ao primeiro-ministro apelando a uma maior colaboração institucional é um recado que deve ser ouvido por Luís Montenegro”, disse Inês Sousa Real, em conferência de imprensa, na sede do partido em Lisboa.
O vice-presidente do CDS manifestou concordância com a mensagem de Ano Novo do Presidente da República e considerou que em Portugal "é fundamental que haja um triunfo do bom senso", que é uma "derrota dos radicalismos".
Numa reação à mensagem do chefe de Estado, o vice-presidente do CDS Telmo Correia registou "sobretudo concordância" e considerou um "estímulo positivo" as afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a necessidade de bom senso.