Dragões de Ouro: Pavão homenageado com prémio Recordação
Porto Canal
Fernando Pascoal Neves homenageado com o Dragão de Ouro a título póstumo.
Glória e drama fundem-se na breve história de um grande guerreiro transmontano que a morte levou aos 26 anos. Foi, é e será sempre difícil falar da primeira morte súbita nos estádios portugueses. Pavão caiu fulminado no minuto 13 da jornada 13, numa tarde de bola nas Antas, triste dia que escureceu subitamente, à notícia da sua morte, anunciada depois de uma vitória por comemorar. Tristeza que nunca mais teve fim.
Pavão era Fernando, até um ser inspirado lhe colocar o mais galante dos rótulos: a forma como ultrapassava adversários em cadeia, sempre de braços abertos, ficou como intrigante e graciosa imagem e apelido desse rapaz que, um mês depois de completar 19 anos, liderava as tropas de Flávio Costa numa flamante vitória sobre o Benfica. Infatigável e erudito, capaz de reprimir linhas de adversários e desarmar, com assistências de príncipe, as melhores estratégias, Pavão viria a emancipar-se definitivamente através da visão de José Maria Pedroto. Visão e visionário em sintonia perfeita, a sintonia harmoniosa que só traz boas memórias antes da morte.
A qualidade do seu jogo permanecerá flutuante no imaginário do Dragão e os limites dessa memória só atraem superlativos: transmontano de raça, lutador implacável, futebolista cerebral, de qualidade técnica superior e passe adocicado e letal, Pavão caiu prostrado numa das mais perversas partidas que o destino pode pregar. A lenda nasceu no próprio dia, porque ele era a parte mais bela da essência do futebol. Alguém que ousava arredondar todos os caminhos, esculpindo jogadas com o nome do futebol. Pavão partiu, mas ficou na história do FC Porto. Porque os ídolos são eternos e enquanto houver quem os recorde, a memória viverá.