Projeto Elo regressa ao Coliseu do Porto para criar espetáculo que reúne comunidades
Porto Canal / Agências
O projeto artístico Elo 2 arrancou esta quinta-feira no Porto e pretende reunir comunidades da cidade na construção de um espetáculo inclusivo de música, dança e teatro a estrear no Coliseu a 20 de maio.
O projeto Elo conta, nesta 2.ª edição, com uma parceria entre o Coliseu do Porto, a Irmandade dos Clérigos e a Associação Comercial do Porto – esta última com um investimento de 20 mil euros – e vai decorrer durante os próximos seis meses.
O Elo 2 culmina com a apresentação, no dia 20 de maio, de um espetáculo no Coliseu do Porto, para o qual dezenas de cidadãos, portugueses e de várias comunidades de imigrantes, vão frequentar aulas de teatro, dança e música, explorando a diversidade de culturas e usando a linguagem universal das artes.
“O fundamental é que este projeto seja, no mínimo, tão valorizado e que acrescente valor às pessoas como aconteceu no Elo 1 no ano passado, e que foi algo transformador para a vida das pessoas”, disse esta quinta-feira aos jornalistas o presidente da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto, Miguel Guedes, acreditando que o Elo 2 vai abrir caminhos para “um Porto que celebra a diversidade”.
O presidente da Irmandade dos Clérigos, Manuel Fernando, afirmou, por seu turno, que o Elo 2 representa “mais do que um projeto artístico”.
Para aquele responsável, o Elo 2 é uma “oportunidade de união e expressão para todos os que chamam o Porto de casa”.
O dirigente da Irmandade acrescentou: “Acreditamos que acolher e dar espaço à diversidade fortalece a nossa comunidade e é com grande orgulho que apoiamos esta iniciativa que dá voz e palco a quem, muitas vezes, poderá estar distante das artes”.
Em declarações aos jornalistas à margem da apresentação do Elo 2, que decorreu esta quinta-feira no Coliseu, Shah Alam Kazol, natural do Bangladesh e a viver no Porto desde os anos 1990, disse que o projeto artístico é “muito importante” para ajudar à integração da comunidade do Bangladesh na cidade do Porto e que no projeto artístico vão pelo menos participar oito cidadãos daquele país na área da música.
“É muito importante. Fizemos um grande esforço para que a nossa comunidade se consiga integrar [no Porto]. Por exemplo, os meus três filhos nasceram aqui e já estão na universidade, por isso, nós temos a obrigação de fazer a nossa vida aqui. Ninguém quer voltar ao Bangladesh. Por isso temos de viver ao lado dos portugueses e das portuguesas e por isso temos de trabalhar convosco”, disse Alam, sorridente.
Alam Kazol explicou que a comunidade do Bangladesh foi convidada pelo Coliseu para participar neste evento na sequência de vários acordos entre a comunidade e instituições da cidade, como com a Câmara Municipal, a empresa Ágora, Cinema Batalha ou Teatro Nacional São João.
“Estamos aqui desde os anos 1990. Estamos bem integrados na sociedade portuguesa, mas ultimamente nós sentimos um pouco de medo, receio da xenofobia e racismo”, afirmou Alam Kazol, referindo que no Porto há cerca de cinco mil cidadãos daquele país sul asiático.
Em declarações à Lusa, Alina Scarlat, presidente da Associação dos Imigrantes de Leste, disse acreditar que o projeto Elo 2 vai ser muito benéfico e ajudar a unir “dois rios através de uma ponte”.
Os dois rios são constituídos pela população portuense e pela comunidade de imigrantes de Leste, que são “mais de 20 mil na área do Porto, explicou Alina Scarlat.
Alina Scarlat conta que há vários imigrantes de Leste interessados em participar no projeto e que a seleção vai ser feita principalmente junto das pessoas que chegaram à cidade por causa da guerra e que ainda não estão tão inseridos na comunidade portuense.
Outra das formas de selecionar é através do domínio do idioma inglês ou do francês, acrescentou a presidente Associação dos Imigrantes de Leste.
Fazer parte do projeto é, para o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, uma forma “humana e estimulante de acolher e integrar aqueles que mais precisam, ao mesmo tempo que se combatem preconceitos, estereótipos e marginalizações que, infelizmente, persistem”.