Regulador de Saúde considera que Hospital Padre Américo, em Penafiel, não acautelou acompanhamento de idosa que faleceu nas urgências

Regulador de Saúde considera que Hospital Padre Américo, em Penafiel, não acautelou acompanhamento de idosa que faleceu nas urgências
Fernanda Pinto| Verdadeiro Olhar
| Norte
Porto Canal / Agências

O regulador da Saúde considerou que a Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa “não acautelou o devido acompanhamento” à idosa que morreu nas urgências no início deste ano, depois de triada com pulseira laranja.

“No que respeita ao episódio de urgência de 02 de janeiro de 2024, resulta que o prestador não acautelou o devido acompanhamento da utente, de modo a que esta fosse atendida em tempo útil, de acordo com o Protocolo de Triagem de Manchester, em vigor naquela unidade de saúde”, refere uma deliberação da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) esta quinta-feira divulgada.

Segundo o documento, a idosa deu entrada pelas 19:12, por queixas de dispneia, hipotensão e bradicardia, tendo sido triada com pulseira laranja às 19h19, com a primeira observação médica a ser feita às 20:06, quando foi confirmado o óbito.

A deliberação refere que, sendo o tempo alvo de atendimento de 10 minutos para situações muito urgentes, a utente, “triada às 19h19, nunca chegou a ser observada, sendo o primeiro registo feito às 20h06”, o que resultou na “inequívoca não só a clara ultrapassagem do tempo alvo de atendimento, como na inexistente prestação dos cuidados de saúde de que a utente necessitava”.

“Acresce que a utente não se encontrava monitorizada por qualquer profissional, nem tampouco foi sujeita a retriagem, o que de resto era a atuação obrigatória após ultrapassado o tempo alvo para observação clínica (10 minutos)”, sublinha também o regulador.

Perante estes dados, a ERS emitiu uma instrução à Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa para garantir, em permanência, que na prestação de cuidados de saúde no serviço de urgência, “sejam respeitados os direitos e interesses legítimos dos utentes, nomeadamente, o direito aos cuidados adequados e tecnicamente mais corretos, que devem ser prestados humanamente”.

Além disso, o hospital tem de adotar os procedimentos internos para assegurar que os cuidados de saúde descritos são prestados aos utentes com qualidade, celeridade, prontidão, “não os sujeitando a períodos de espera excessivamente longos e procedendo à sua retriagem sempre que excedido o tempo alvo de atendimento fixado pelo Sistema de Triagem de Manchester”.

“Considerando que é à Ordem dos Médicos que caberá aferir da adequabilidade clínica da atuação dos profissionais da Unidade Local de saúde do Tâmega e Sousa, deve o presente processo ser encaminhado para esta entidade, solicitando que logo que possível, deem conhecimento à ERS das conclusões que venham a ser apuradas”, refere a deliberação aprovada em 01 de agosto.

Na altura, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou um processo de esclarecimentos para apurar as circunstâncias em que ocorreu a morte dessa idosa na urgência do Hospital Padre Américo, em Penafiel.

Num comunicado enviado à Lusa, o hospital de Penafiel indicou que a idosa, com cerca de 80 anos, se encontrava "em fim de vida”.

“Tratava-se de uma doente em fim de vida e sem critérios clínicos para qualquer manobra invasiva de reanimação”, referiu a ULSTS na ocasião, reconhecendo ainda que a urgência se encontrava “sob enorme pressão”, com um elevado número de internados.

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