Empresas privadas avaliam operar no canal do metrobus, mas só em 2025
João Nogueira
Face ao impasse do arranque da operação do metrobus, entre a Casa da Música e a Praça do Império, a Metro do Porto contactou algumas empresas privadas para alugar autocarros. Contudo, um dos requisitos impostos pela empresa é que os veículos tenham portas à esquerda. Algumas destas empresas admitiram aceitar a proposta, mas há um consenso de que a solução não será implementada ainda este ano.
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O contacto às empresas privadas por parte da Metro foi feito a 30 de outubro, ainda antes da STCP divulgar o relatório onde chumba a possibilidade de operar o canal através da Linha 203.
Entre as empresas contactadas, apurou o Porto Canal, estão a J. Espírito Santo & Irmãos, de Vila Nova de Gaia, a Valpi, de Paredes, e a Auto Viação Feirense.
Entre os requisitos, a empresa solicitou o aluguer de seis autocarros, preferencialmente elétricos e com 12 metros de comprimento, para uma operação provisória entre novembro e maio de 2025. No entanto, o requisito das portas à esquerda tem sido um obstáculo, já que muitas das empresas não possuem veículos que se encaixem nesta tipologia.
Além disso, outra das exigências é que os autocarros tenham portas à esquerda. O pedido é imposto já depois da STCP testar, no dia 28 de outubro, a circulação da Linha 203 no canal do metrobus, e perceber que a circulação contrassentido não era exequível e apresentava riscos para os passageiros e as restantes viaturas.
A empresa Valpi, de Paredes, confirmou que não possui autocarros com essas características.
Por outro lado, a Auto Aviação (AV) Feirense referiu ter veículos com portas tanto do lado esquerdo como do direito, e que até podem servir para operar o canal do metrobus. Tratam-se de três autocarros que faziam a ligação entre a estrutura aeroportuária de Lisboa e os aviões, mas que, entretanto foram vandalizados.
De acordo com Gabriel Couto, responsável pela AV Feirense, os autocarros estão com os vidros totalmente partidos, após episódios de vandalismo frequentes em 2023, em Lisboa. Contudo, “podem ser recuperados” e servir o canal.
Mas a recuperação dos veículos a gás natural (e não elétricos, tal como foi pedido) pode atrasar o prazo. Isto porque o processo levaria entre “um a dois meses” e, por isso, o material circulante não estaria disponível já em novembro.
O responsável pela AV Feirense admitiu que ainda não foi tomada nenhuma decisão e estar em diálogo com a empresa do metro.
O Porto Canal contactou a Metro do Porto, que se recusou a prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto.
Já a empresa J. Espírito Santo & Irmãos avançou estar pronta para colaborar com a Metro do Porto e já deu uma proposta. “Nós estamos do lado das pessoas. Podemos fornecer as viaturas e já fizemos a nossa proposta”, declarou fonte da empresa.
Recorde-se que estas são medidas provisórias, que visam impedir uma desertificação do canal até à entrega, por parte da Metro do Porto, dos veículos que possibilitam a operação do metrobus.
O novo serviço ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e sete estações, num comprimento de quatro quilómetros. A obra custou cerca de 76 milhões de euros.